sexta-feira, 29 de março de 2013

Cachorros velam corpo de andarilho

Uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) teve trabalho para recolher o corpo de um morador de rua encontrado morto na quarta-feira à noite, em Ribeirão Preto. Três cachorros que pertenciam ao andarilho ficaram deitados sobre a vítima por quase cinco horas, impedindo a aproximação das pessoas. A causa da morte está sendo investigada.

Os moradores do bairro que assistiram ao resgate se emocionaram ao ver a cena: sempre que alguém se aproximava, os cães latiam, rosnavam e voltavam a deitar sobre o corpo do homem, coberto por um lençol. Segundo a balconista Edilene Cunes, que mora na casa em frente ao local, o andarilho era conhecido na vizinhança pelo cuidado com os animais.

“Ele sempre andava na rua acompanhado dos cães. Eles eram os parceiros dele. Ele era uma pessoa legal com todo mundo, não fazia mal a ninguém. Infelizmente, não conseguimos ajudá-lo a tempo”, lamentou.
A enfermeira Nean de Moura explicou que o homem aparentava ter 60 anos e pode ter sofrido um mal súbito enquanto dormia. Em uma das mãos, a vítima segurava uma sacola com roupas e ração.

“Eu fico espantada ao ver essa situação porque a gente tentava afastar os cachorros para ajudar, mas eles voltavam e deitavam de novo”, afirmou.

Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi chamada ao local e conseguiu recolher os animais. “Os cachorros chegaram a avançar, não deixavam chegar perto nem da calçada. Foi então que o Samu pediu nosso apoio porque somos treinados para esse tipo de atendimento”, explicou o sargento Aloísio Terra.

Após ser periciado pela Polícia Civil, o corpo do homem foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal), apesar de não apresentar ferimentos. Uma filha do andarilho, que mora em Jardinópolis, reconheceu a vítima no início da madrugada desta quinta-feira.  A cena pode ser associada à história do filme “Sempre Ao Seu lado” (2009 ), com Richard Gere. Nele, um professor era diariamente recepcionado por um cão da raça akita na estação de trem. O cão repetia o gesto mesmo com o dono morto.

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