sábado, 30 de novembro de 2013

Após 20 anos, fitas do Senhor do Bonfim voltam a ser feitas na Bahia

Pouca gente, incluindo turistas e baianos, sabe que a tradicional fita do Senhor do Bonfim não é produzida no Estado há mais de 20 anos. Nesta semana, o arcebispo primaz do Brasil, Dom Murilo Kriegger, e o secretário de Turismo, Domingos Leonelli, anunciaram a novidade como parte de um programa de turismo religioso para a capital, que incluirá também outras iniciativas. A ideia é ampliar o número de turistas que vêm à Bahia por motivos religiosos.

O mais conhecido souvenir soteropolitano passou a ser produzido por fábricas do interior paulista nos anos 1990 por questões financeiras. Enquanto as fábricas baianas, que confeccionavam o produto em algodão, estavam perto da bancarrota, as confecções de São Paulo clamavam por pedidos. Osnir Moreno Rolim, dono da Fita Têxtil, no município de Sumaré, é atualmente o maior produtor dos mimos no País, com mais de cinco milhões de unidades mês.

A diferença entre este campeão de vendas e o novo produto é a tradição. Sai de cena o poliéster, utilizado para evitar que a fita desfie, e retorna o algodão. “Essa fita acabou com o simbolismo de que o desejo se realiza quando a fita rompe, porque essas são plásticas, e não rompem nunca”, explica a técnica em turismo Rosa Amadeu, que guia visitantes por Salvador há 32 anos.

A Cooperativa de Produtores de Artigos Religiosos e Culturais (Cooparc) ficará responsável por produzir as fitinhas legítimas, que voltarão a ter a medida da imagem do Senhor do Bonfim - dando duas voltas no pulso de um adulto –, além de comercializar imagens e outros objetos sacros. A fábrica e distribuidora ganhará uma sede no bairro da Ribeira, próximo à Igreja do Bonfim, onde funcionará também o Memorial Turístico da Baía de Todos-os-Santos. 

“Queremos que as pessoas vejam aquelas riquezas que nós temos, nesse campo religioso e turístico. Além disso, será para muitas pessoas, uma nova possibilidade de emprego, de melhorar a sua própria vida”, destacou o arcebispo. Para que a novidade não se resuma à venda dos nossos produtos, a Setur oferecerá cursos de capacitação para guias turísticos focados especialmente na história religiosa da cidade e de seus símbolos.

Mas nem tudo são flores. Quem vive da venda das fitas se lembra do projeto do então prefeito Antônio Imbassahy (2001), que prometia a volta das fitinhas, mas não deu em nada. Além disso, já se fala sobre a alta no preço das fitas, que passarão a custar R$ 0,30, no lugar dos R$ 0,10 atuais. “Deixaram de fazer aqui porque não estava dando dinheiro. Agora querem voltar com isso e quem fica ameaçado somos nós. Eu vivo disso e não tenho mais idade para experiência”, reclama o vendedor de souvenires João Márcio Bispo, 44 anos.

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