sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Índios degolaram e executaram desaparecidos de Humaitá, diz PF

Três homens que desapareceram na Terra Indígena Tenharim, em Humaitá (AM), no dia 16 de dezembro de 2013, teriam sido assassinados por cinco homens da etnia tenharim. Dois teriam sido mortos a tiro e outro degolado. No Natal, o desaparecimento revoltou mais de 3 mil moradores da cidade, que destruíram a sede regional e equipamentos da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), além de carros e embarcações.

Cinco indígenas -Gilvan e Gilson, filhos do falecido cacique Ivan; Domiceno, cacique da aldeia Taboa; Valdinar e Simião, da aldeia Marmelos – foram presos pela Polícia Federal na quinta-feira e conduzidos para Porto Velho (RO).

Nesta sexta, na sede da Superintendência da Polícia Federal em Rondônia, os delegados Arcelino Damasceno e Alexandre Alves receberam Nilo Bezerra Mota de Sousa e Stefanon Pinheiro de Sousa, pai e irmão do professor Stef Pinheiro de Sousa, um dos três desaparecidos de Humaitá.

De acordo com relato dos familiares, os dois delegados revelaram como Stef Pinheiro, Luciano Freire e Aldeney Salvador foram mortos na aldeia. Ao deixar a sede da PF, Stefanon disse que o delegado Alves, que conduziu as investigações, detalhou como os indígenas agiram:

- Ele disse que meu irmão e o Luciano foram mortos a tiros dentro do carro. Os índios pararam o carro e atiraram. O Aldeney saiu e mostrou o crachá da Eletrobrás, onde ele trabalhava, mas os índios não queriam deixar testemunhas e mataram ele degolado. Ele também disse que as investigações ainda não terminaram e que ainda pode acontecer mais alguma coisa. A gente vai pra casa agora, porque pra nós nada mais faz sentido.

A prisão dos cinco tenharim, autorizada pela Justiça Federal, foi acompanhada por Ricardo Alburquerque, advogado da etnia. Segundo o advogado, as acusações contra os tenharim “são testemunhais e muito superficiais”.

Nota da Polícia Federal
A Polícia Federal em Rondônia, juntamente com a Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Rodoviária Federal e o Exército Brasileiro, deflagraram a Operação Humaitá na data de 30/01, com o objetivo dar cumprimento a 5 mandados de prisão temporária de indígenas da etnia Tenharim, que habitam território localizado entre os quilômetros 100 e 150 da BR- 230.
As prisões foram expedidas pela Justiça Federal do Estado do Amazonas em razão de possível envolvimento dos índios na morte de três pessoas que desapareceram ao atravessarem uma das aldeias localizadas na rodovia Transamazônica.
O crime teve grande repercussão nacional e internacional no final do dezembro de 2013 e provocou manifestações da comunidade não-indígena contra os silvícolas, culminando com a destruição de carros e instalações da FUNAI em Humaitá/AM.
A Polícia Federal instaurou inquéritos policiais para apurar o desaparecimento e destruição do patrimônio público (FUNAI).
As conclusões da investigação apontam para a ocorrência de homicídio praticado pelos presos dentro de uma das aldeias e posterior ocultação dos cadáveres. Os corpos ainda não foram localizados.
Durante os trabalhos da Força Tarefa foram percorridos aproximadamente 270 hectares, delimitados pela investigação, e encontrados, no interior da terra indígena, peças do veículo ocupado pelos desaparecidos.
Na investigação, foram ouvidas diversas testemunhas, entre indígenas e não-indígenas, realizada perícia técnica nas peças encontradas, além da utilização de cães farejadores para localização de cadáveres e equipamentos modernos de rastreamento de peças metálicas escondidas.
Os trabalhos de polícia judiciária prosseguem até a apresentação do relatório final do inquérito policial."

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