Às 23h28 de 28 de novembro de 2015, uma mensagem pelo rádio mobilizou todo o efetivo do 41º BPM (Irajá). “Patamo 3ª Cia., prioridade na (Estrada) João Paulo”, alertou uma voz, de um dos terminais. Nos oito minutos seguintes, enquanto diversas viaturas do batalhão se dirigiam ao local, os quatro policiais acusados do fuzilamento de cinco jovens, em Costa Barros, na Zona Norte do Rio, dão suas primeiras versões sobre o crime: dizem que responderam a um ataque e balearam “elementos” dentro de um Palio.
“Estávamos preparando para sair, veio um carro e uma moto de fuzil e pistola”, diz um dos policiais em seguida. O mesmo agente avisa: “Se não me engano, dois elementos alvejados aí dentro da Palio”. Eram cinco amigos — que, segundo o Ministério Público, estavam desarmados.
Os áudios, inéditos, foram obtidos pelo EXTRA e fazem parte do processo contra os soldados Antônio Carlos Gonçalves Filho e Thiago Resende Viana Barbosa, o cabo Fábio Pizza Oliveira da Silva e o sargento Marcio Darcy Alves dos Santos. Eles respondem pelo homicídio dos cinco rapazes e estão presos desde agosto de 2016.
A gravação, entretanto, não mostra a íntegra da comunicação entre o batalhão e os PMs. Durante o áudio, os agentes fazem referência a outras conversas paralelas pelo celular.
De acordo com o MP, não houve ataque algum: os cinco jovens foram executados pelos quatro policiais com tiros de fuzil e pistola. As armas que o PM cita no áudio nunca foram apreendidas: somente um revólver calibre 38 foi apresentado pelos policiais na 39ª DP (Pavuna) na noite do crime. Em depoimento, os quatro PMs afirmaram que o carona do veículo atirou contra eles. A arma, no entanto, não era “capaz de produzir tiros”, segundo laudo pericial.
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