sábado, 25 de fevereiro de 2012

Morte no Carnaval expõe rixa entre gangues de oito bairros de Salvador



As regiões são vizinhas, mas os moradores de uma não podem ir na outra. Nas fronteiras, uma guerra atinge qualquer um, sem aviso nem defesa. As brigas entre gangues de bairros – antigas, mas agora com o tráfico de drogas como mote, segundo especialistas – deixam moradores acuados e ruas manchadas de sangue.

Em áreas como Paripe e Fazenda Coutos, Chapada do Rio Vermelho e Vale das Pedrinhas, Santa Mônica e Liberdade, e Alto do Coqueirinho e Bairro da Paz, visitantes de um ou outro local não são bem-vindos.

Em cena, um episódio recente que ultrapassou as trincheiras dos conflitos: o jovem Iago de Jesus Santos, 19 anos, curtia o sábado de Carnaval na Barra, quando foi morto com uma facada no abdômen, na Rua Marquês de Leão.

O jovem era morador de Fazenda Coutos, Subúrbio Ferroviário, e recebeu o golpe de Paulo César Lins Filho, o Lucas, 20, da comunidade Bate Coração, em Paripe, também área suburbana.

Entre Paripe e Fazenda Coutos, a rua Irecê é o palco principal dos confrontos. Devastado, o pai de Iago, o aposentado Raulino de Santana Silva, 49, acredita que a rixa dos bairros motivou a morte do seu filho.

“Meu Iago era um rapaz trabalhador, não era metido com essas coisas. Mas mesmo quem não tem nada a ver, acaba sobrando quando eles (os grupos rivais) se pegam”, lamenta.

Fazenda Coutos foi o quinto bairro a receber uma Base Comunitária de Segurança, mas nem a presença da polícia conseguiu afastar o medo da população.“Os de lá não vêm aqui e nem os daqui vão pra lá. E nesse fogo cruzado, sobra para os moradores. Antes da base, as coisas eram muito piores, mas mesmo assim evito ir para Paripe”, relata o comerciante Francisco dos Santos Passos, 53.

Após a instalação da base, segundo a comerciante Dirce Souza da Silva, 46, que mora no bairro há 20, os confrontos diminuíram. “Eles brigavam menos, mas quando teve a greve da polícia, os embates eram diários e ocorriam mais de uma vez por dia”, lembra.

Ela relata que adolescentes estão entre os principais participantes dos confrontos. “Meninos de 13, 14 anos, do Bate Coração e com armas imensas nas costas, subiam para pegar os daqui, que revidavam”, comenta.

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