Nas últimas semanas, as oscilações e a queda de temperatura, especialmente à noite, têm chamado atenção dos soteropolitanos e lotado as emergências médicas com os quadros de infecção respiratória. As causas das queixas são variadas e vão de um simples resfriado, passam pelas inflamações de garganta, até casos mais complexos como as pneumonias.
O vice-presidente da Sociedade Baiana de Otorrinolaringologia, Marcos Juncal, e o coordenador do Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Izabel, o pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro, apontam um aumento na demanda de 30% a 50% em clínicas e hospitais especializados. Para os médicos, vários fatores ambientais e comportamentais explicam o crescimento das chamadas infecções respiratórias no período.
O primeiro diz respeito à queda de temperatura, que resseca a mucosa, fragilizando as defesas do organismo. Aliado a isso, o aumento da umidade com as chuvas possibilita que vírus, bactérias e fungos se proliferem ou possam ficar mais tempo no ar.
O fenômeno conhecido como inversão térmica - quando o ar frio proveniente de frentes frias, por exemplo, isola o ambiente - também colabora com as infecções, impedindo a dispersão de partículas de poluição.
“Nessa época, as pessoas terminam ficando mais expostas à umidade, seja por tomar chuva ou permanecer com os pés molhados ou qualquer outra atitude que provoque uma queda da temperatura corporal e esse resfriamento vai causar no organismo os conhecidos resfriados”, explica Juncal, ressaltando que esse quadro funciona como uma porta de entrada para todas as outras infecções.
CausasDe acordo com Guilhardo Fontes, existem duas causas para as doenças respiratórias: as alérgicas e as infecciosas, mas que elas podem começar de uma forma e terminar de outra. “Um quadro infeccioso pode piorar as alergias e estas podem progredir para um quadro infeccioso”, esclarece, destacando que oscilações na temperatura tendem a piorar os quadros de saúde, especialmente entre as pessoas mais sensíveis.
Entre as infecções mais frequentes estão os resfriados, as gripes, as otites, amidalites, laringites, faringites e Dpoc (conhecida no passado como bronquite e enfisema). Entre as doenças de Inverno de cunho alérgico mais comuns estão as rinites, os chiados no peito e a asma. Em Salvador, a taxa de pacientes com rinite alérgica é próxima aos 40% em crianças de 6 a 7 anos, a maior entre as cidades brasileiras. A prevalência de asma brônquica no grupo etário de 13 a 14 anos é de 27,1%.
No Brasil, a asma atinge mais de 22 milhões de brasileiros, sendo que cerca de 2,5 mil pessoas morrem por ano, de acordo com o Ministério da Saúde, Aliança Global contra as Doenças Respiratórias Crônicas (Gard) e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). O Nordeste tem os maiores índices de internação do país, sendo que somente na Bahia, de janeiro de 2008 a fevereiro de 2010, foram registradas aproximadamente 80 mil internações por asma.
Nesse final de semana, inclusive, o Gard realizou, em Salvador, um evento inédito na América Latina para discutir prevenção e controle das doenças respiratórias crônicas em todo o mundo; a disseminação dos avanços científicos e das práticas que tem gerado resultados concretos; e o engajamento dos diversos países ao Plano de Ação da Organização Mundial da Saúde para o Combate às Doenças não Transmissíveis 2014-2020.
“As infecções no Inverno são mais preocupantes nos idosos e crianças, em função de alterações do sistema imunológico, particularmente na população de baixa renda”, esclarece Fontes.
CuidadosPara evitar que elas se manifestem, a dica dos especialistas reside em apostar na prevenção e nos cuidados com a saúde. Assim, mesmo com as chuvas constantes, vale evitar aglomerações, manter uma atividade física regular para afastar o estresse e aumentar a resistência, investir numa boa alimentação, além de não esquecer de beber bastante água, mesmo não sentindo sede.
“Quando os quadros já estão instalados, vale seguir aquelas orientações dos antigos e ter repouso, se manter agasalhado, além de aumentar a ingestão de vitamina C”, aconselha Marcos Juncal. Ele lembra que chás e gargarejos que possuam limão, gengibre, mel e alho também são boas indicações, pois além de propriedades medicinais, os primeiros atuam como adistringentes, formando uma camada protetora contra as infecções.
Guilhardo Fontes complementa lembrando que é importante manter o ambiente da casa e do trabalho limpos e arejados e que as roupas mais quentes de Inverno devem ser lavadas antes do uso. “Lavar as mãos com álcool gel, por exemplo, principalmente depois de voltar da rua, é uma boa medida para evitar a propagação dos agentes infecciosos”, finaliza, lembrando que vale a pena manter o produto sempre à disposição.
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