Uma menina de 7 anos morreu afogada após ter os cabelos sugados pelo ralo de uma piscina em um hotel do Balneário Camboriú, litoral catarinense, no último domingo (16). A família da vítima, Rachel Rodrigues Novaes, pretende processar o estabelecimento que, consideram, foi negligente ao não instalar um sistema antissucção no ralo da piscina e também por não manter um monitor no local em que se encontravam várias crianças. “Foi uma irresponsabilidade do hotel e eles terão de responder por isso. Já pegamos um advogado para cuidar do processo”, disse a avó da menina, Silvia Leite Rodrigues.
A família, que mora em Guarujá, litoral de São Paulo, ainda não se conforma com a morte. Segundo a avó, mãe e filha tinham viajado no fim de semana com uma excursão direcionada a um parque de diversões de Camboriú e se hospedou no Sanfelice Hotel. Quando se preparavam para retornar, elas decidiram aproveitar a estrutura de lazer do estabelecimento. Rachel brincava na piscina infantil, que é coberta e aquecida, quando mergulhou e ficou com o cabelo preso no ralo.
A piscina tinha 60 centímetros de profundidade e outras mães que estavam no local perceberam que a menina se debatia. Quando conseguiram soltá-la, ela já estava desfalecida. A garota chegou a ser socorrida, mas não resistiu. Sílvia conta que, naquele momento, sua filha tinha subido para o apartamento pegar uma toalha para a neta. Quando retornou, a filha ainda estava presa no ralo da piscina. “Ela ainda tentou uma faca para cortar o cabelo da Rachel, mas não deu tempo. Não é culpa dela, as outras mães estavam olhando, mas não tinha um monitor, não tinha ninguém do hotel cuidando das crianças.”
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O corpo de Rachel foi sepultado na segunda-feira, 17, no Guarujá. A Polícia Civil de Camboriú abriu inquérito para apurar o caso. O dono do estabelecimento será indiciado por homicídio doloso, sem intenção de matar. O Corpo de Bombeiros de Camboriú informou em nota que uma lei estadual de 2016 exige que as piscinas de uso público ou comum sejam dotadas de dispositivos antissucção, mas a medida atinge apenas as piscinas construídas a partir da data da lei. A aplicação em piscinas já construídas, como a do hotel, datada de 2008, depende de regulamentação ainda não procedida. Por essa razão, na data do ocorrido a piscina do hotel estava com o alvará em dia.
A prefeitura da cidade catarinense informou, em nota, ter interditado a piscina do hotel Sanfelice após o afogamento da menina para evitar eventual repetição do acidente. A medida foi tomada com base na lei municipal 3.908/2016, que determina a obrigação de clubes, hotéis e academias instalar dispositivos que interrompam o processo de sucção em piscinas de uso coletivo. A piscina do hotel não possuía tal dispositivo, segundo a nota.
O advogado do hotel Sanfelice, Luiz Eduardo Cleto Righetto, disse que a Instrução Normativa 33 do Corpo de Bombeiros local não exige a presença de salva vidas ou monitor em piscinas como a do hotel, mas apenas a presença de adultos, sejam os pais ou outras pessoas. “No caso, como é sabido, a mãe da criança e a avó estavam no local, além de outras mães”, disse. Com relação à sucção, ele disse que o Corpo de Bombeiros deu alvará para o hotel por entender que o estabelecimento não estava sujeito à regulamentação posterior. “Embora haja agora uma legislação, não foi solicitado ao hotel que instalasse o sistema.”
O advogado disse que a direção do hotel se solidariza com a dor da família, mas não pode ser responsabilizado por uma fatalidade. “Só após o ocorrido, diante da repercussão do caso, a prefeitura notificou o hotel para instalar o sistema antissucção, dando ainda um prazo de 30 dias. Isso será feito no prazo. Tudo o que aconteceu é muito ruim para o hotel, pior ainda para a família, mas não houve responsabilidade jurídica do hotel. Foi uma fatalidade.”
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