terça-feira, 23 de outubro de 2018

Enterro de mulher que morreu após cirurgia plástica é suspenso, e corpo será levado para necrópsia

O enterro da bancária Renata Bretas, de 36 anos, que morreu após colocar silicone nos seios e fazer lipoaspiração nas axilas, foi suspenso na manhã desta terça-feira (23), em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais. Os procedimentos estéticos foram feitos na quarta-feira (17) em uma clínica de Belo Horizonte e ela morreu nesta segunda-feira (22).

De acordo com a cunhada da vítima, Adriana Vaz, policiais civis chegaram ao velório, conversaram com os pais da vítima e sugeriram que o corpo passasse por uma necrópsia para saber se houve negligência médica no pós-operatório de Renata. O corpo será encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).

'Era o sonho dela'
O namorado de Renata, Renan Faustino, disse que ela fez um check-up há sete meses e não havia nenhum problema de saúde. “Era o sonho dela. Era o sonho dela essa cirurgia plástica. Na época a gente até falou, que a gente tem um consórcio em comum de moto, aí eu falei: ‘vamos pegar o consórcio, comprar um carro mais novo pra você, você curtir o seu filho, curtir tudo’. É... mas o sonho dela era fazer essa cirurgia plástica. Meu sofrimento ainda é pequeno perto do sofrimento do pai e da mãe dela. E o sofrimento maior não vai ser nem nosso, né, vai ser do menino dela de seis anos que ela deixou, menino de seis anos que ela deixou. O Felipe que ela deixou aí, pra gente tá olhando pra ela aqui na Terra”.

Adriana Vaz, disse que Renata passou mal no pós-operatório, mas que recebeu alta e voltou para Itabirito. Ainda segundo Adriana, Renata chegou a voltar à Clínica Forma, na Região Centro-Sul da capital mineira, na sexta-feira (19) porque estava sentindo muitas dores. Lá ela teria passado mal novamente.

A paciente foi liberada pelos médicos e retornou a Itabirito, conforme a cunhada. “Ontem [domingo] conversei com ela, estava bem. Hoje [segunda] ela me chamou, estava branca, com a boca espumando. Levamos para o hospital”. Conforme Adriana, Renata teve parada cardíaca e já chegou sem vida ao hospital, onde tentaram reanimá-la, mas sem sucesso.

Adriana disse que os médicos do Hospital São Vicente de Paula informaram que Renata teve uma embolia pulmonar. Ela deixa um filho de seis anos.

O que diz a clínica
De acordo com o dono da clínica Forma, Fernando Amaral, Renata fez a cirurgia no local e recebeu alta preenchendo todos os requisitos para isso. Disse ainda que a unidade possui a certificação e oferece todas as condições para a cirurgia e afirmou no pré-operatório são feitos exames e consultas e a cirurgia só é feita se estiver tudo normal.

Segundo o médico que realizou a cirurgia, Frederico Vasconcelos, não houve nenhum problema durante o procedimento e o atendimento pós-operatório. No retorno na sexta-feira, ela teria se queixado de dores nos seios, mas não falou sobre dificuldades respiratórias e déficit sensitivo, que são indicadores de embolia. O médico afirmou ainda que a paciente era saudável, que não tinha histórico de embolia na família, o laudo de risco cirúrgico não apresentou nenhuma contraindicação e a alta foi “absolutamente” normal, que Renata estava bem. Disse ainda que a embolia pode não necessariamente estar relacionada à cirurgia. Afirmou que fez o melhor para a paciente.

O que diz o hospital
Por nota, o Hospital São Vicente de Paulo, em Itabirito, informou que a paciente já chegou em estado gravíssimo, em parada cardiorrespiratória, sendo imediatamente entubada. A equipe realizou todos a procedimentos de reanimação, porém, sem sucesso. O hospital realizou toda a assistência cabível e está à disposição da família.

Ainda segundo o comunicado, "informações e detalhes sobre o prontuário são sigilosas e a família tem acesso. O hospital deve respeitar o sigilo médico e não pode divulgar informações do prontuário".

Conselho Regional de Medicina
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) informou que tomou conhecimento por meio da imprensa da morte de Renata ocorrido após cirurgia e que iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos.

O CRM-MG esclareceu que tanto o médico citado nas matérias, quanto a clínica onde o procedimento ocorreu, estão em situação regular.

Ainda segundo o Conselho, todas as denúncias recebidas são apuradas de acordo com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP). Os procedimentos correm sob sigilo. Obedecendo ao CPEP, somente as penalidades públicas impostas aos médicos denunciados podem ser divulgadas.

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