A última atualização do Ministério da Saúde sobre casos de infecção pelo novo coronavírus no Brasil confirma o Ceará como a terceira unidade da Federação com mais ocorrências. Até o momento, são 235 casos, 8% do total do país (2.915 caos). Abaixo apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, que são estados mais populosos que o Ceará e onde estão as maiores metrópoles nacionais.
A razão do número elevado de casos registrados é o esforço de testagem da população. “A questão do comportamento da epidemia no Ceará é muito relacionada ao aumento da vigilância epidemiológica. O aumento da investigação desses casos foi o que possibilitou que tivéssemos um número bem maior que outros estados”, assinala Antônio Silva Lima Neto, professor de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor).
Há cerca de dez dias, o governo do Ceará anunciou a aquisição de 5 mil kits para diagnóstico do coronavírus em prazo de até quatro horas. No raciocínio de Lima Neto - que é pós-doutor em epidemiologia pela universidade de Harvard, e também gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Fortaleza - a intensificação e a rapidez da testagem favorecem a notificação.
Conforme o Plano Estadual de Contingência do coronavírus, a notificação “deve realizada pelo meio de comunicação mais rápido disponível, em até 24 horas, a partir do conhecimento de caso que se enquadre na definição de suspeito”.
Até hoje, três pessoas com o coronavírus no estado morreram: um homem de 72 anos e duas mulheres, uma de 72 anos também e outra de 85 anos. Nos três casos, os pacientes já apresentavam doenças crônicas.
Segundo Lima Neto, o perfil prevalecente de pessoas infectadas é de adultos a partir dos 29 anos, inclusive pessoas assintomáticas, residentes em bairros de classe média, que potencialmente tiveram contato com pessoas que estiveram no exterior. Ele teme que o vírus possa se alastrar em áreas de grande densidade populacional e com piores condições sanitárias, e, assim, atinja velozmente pessoas mais pobres.
Na avaliação do especialista, o isolamento é “muito importante” no Ceará. “Fundamental para diminuir a dispersão da doença e reduzir a velocidade de propagação.” Até ontem (25), Fortaleza concentrava 92% dos casos. A Secretaria de Saúde não publicou até o fechamento dessa reportagem o novo boletim epidemiológico.
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