terça-feira, 29 de agosto de 2017

Jovem morre após diagnóstico tardio e mulher acusa UPA de negligência

Um jovem morreu na segunda-feira (28), após passar por um procedimento cirúrgico considerado simples no município de Irecê, no sertão da Bahia, e a mulher de Romilson Lima de Araújo, 24 anos, conhecido como Erick, acusa a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município de negligência.

Ao BNews, Natália Oliveira contou que ficou mais de uma semana indo para a UPA com o marido sem que os médicos descobrissem o que ele tinha e, mesmo pedindo um encaminhamento para o Hospital Regional, os profissionais se negaram a transferir o jovem.

Natália contou em um post nas redes sociais que no dia 14 de agosto Erick chegou do trabalho sentindo uma dor na barriga do lado direito. No dia seguinte, ele foi trabalhar, mas precisou voltar para casa por causa das dores e resolveu procurar a unidade de saúde. O médico passou um remédio para tomar em casa e pediu uma ultrassonografia. Na quarta-feira (16), o médico olhou o exame e disse que eram apenas gases, mandou continuar com a medicação e o liberou.

Como as dores persistiam, Natália afirmou que voltou à UPA com o marido na quinta-feira e, mais uma vez, o médico passou uma medicação e mandou o jovem de volta pra casa. "Passou o final de semana e Erick continuou sentindo dor, na segunda, dia 21, voltamos novamente na UPA, ficou de observação o dia inteiro e depois foi liberado mesmo sentindo dor".

À reportagem, Natália afirmou que a irmã do marido começou a desconfiar que ele estivesse com apendicite, pois afirmou que procurou na internet pelos sintomas. Ela contou que vários amigos também começaram a dizer que os sintomas dele era da doença, mas os médicos afirmavam que se tratava de gases. Natália disse que pretende processar a UPA e um médico em especial, o que atendeu o marido na segunda-feira. Ela contou que entrou com o Erick no consultório e pediu o encaminhamento para o hospital, pois desconfiava que fosse apendicite. "Ele olhou o exame e disse que não tinha dado nada. Ainda pedi para fazer outra ultrassonografia, mas ele disse que não precisava. Ele olhou pra minha cara e disse que o que Erick tinha não era motivo de ir para o regional, pois para o hospital só era o caso de ataque cardíaco ou convulsão".
Com o passar dos dias, Erick piorou e começou a vomitar, ter febre e muita dor na costas. Só na terça-feira (22), após mais de uma semana indo e voltando da unidade de saúde, que um médico o encaminhou para o hospital e o jovem foi internado. No dia seguinte, fez tomografia e outros exames e foi detectado que o apêndice estava inflamado e precisaria passar por uma cirurgia. "O médico disse que era uma cirurgia simples e que a família poderia ficar tranquila”. Na mesma noite Erick foi encaminhado para o centro cirúrgico.

Natália disse que esperou mais de 12 horas para ter informação sobre a cirurgia. O médico contou que houve uma complicação e que, por causa da demora no diagnóstico, a situação acabou se complicando e o marido foi para a semi-UTI. No decorrer do dia, Erick teve uma febre persistente e, no domingo, precisou abrir novamente o local para fazer uma limpeza, mas teve uma infecção e entrou em coma. Na segunda-feira (28), ele acabou falecendo.

Natália não se conforma com a demora do diagnóstico e com a negligência dos médicos, já que o marido passou mais de uma semana procurando atendimento na UPA e não foi encaminhado para o hospital.

O BNews procurou a Secretaria de Saúde do Município, mas até o fechamento da matéria não conseguiu falar com a secretária Ana Cássia ou alguém que pudesse se pronunciar sobre o assunto.

Erick, que era operador de máquina, deixa uma filha de dois anos.

Nenhum comentário: