segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Bispo sai de igreja escoltado pela PM durante protesto contra saída de padre

No maior protesto desde que as manifestações em favor do padre negro Wilson Luís Ramos tiveram início, há cerca de 30 dias, o bispo de Marília, d. Luiz Antonio Cipolini, foi acuado no interior da Igreja Matriz de Adamantina, no interior de São Paulo, e teve de sair escoltado por PMs na noite de domingo, dia 7.

Procurado por telefone nesta segunda-feira, o bispo não foi encontrado para comentar o caso. O bispo, que havia ido à cidade realizar missa de crisma, ficou 1h50 no interior da igreja, esperando que cerca de 2 mil manifestantes se acalmassem. A multidão queria uma explicação sobre a saída do padre, vítima de racismo, segundo fiéis, e que ganhou a simpatia da população por ações em favor dos pobres e de jovens usuários de drogas.

A opção pelos excluídos, porém, foi condenada por um grupo de fiéis ricos e conservadores, de acordo com manifestantes. O grupo teria pedido a troca do padre, sendo atendido pelo bispo.


Missa
O bispo também enfrentou protesto na missa. Ao perceber que d. Luiz não daria explicações, jovens levantaram faixas e passaram a gritar frases em favor do padre. Moedas e cédulas foram jogadas no altar. O bispo interrompeu a missa e o padre pediu calma, mas o protesto continuou.

Após o fim da missa, padre Wilson tentou convencer a multidão a deixar o bispo sair, sem sucesso. Pouco depois das 23 horas, com a chegada da PM, o bispo deixou a igreja escoltado, enquanto manifestantes o chamavam de “racista”. D. Luiz teve de retornar a Marília no carro da PM, pois seu automóvel teve os pneus esvaziados. Ontem, padre Wilson disse que achou “exagerado” o protesto dos jovens dentro da igreja. “Sabia que haveria algo, mas não nesta intensidade.”

De acordo ainda com o padre, o protesto foi “inoportuno”. “Não era o momento, houve descontrole emocional dos jovens e também desrespeito ao bispo, que é uma autoridade religiosa.” Padre Wilson assume domingo, 14, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Dracena (SP). Ele será substituído pelo padre Rui Rodrigues da Silva. Segundo líderes religiosos, a saída do padre deve resultar na debandada de até 100 colabores que atuam na paróquia.

Além da opção pelos excluídos, a administração de padre Wilson foi marcada por aumento da arrecadação do dízimo e recuperação de capelas da cidade.

Na última semana, o bispo afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que a troca do padre ocorreu por causa da “divisão da paróquia”. Segundo ele, a situação colocava a integridade física de fiéis em risco. “Uma pessoa quase foi agredida porque foi confundida com outra que era contra a permanência do padre. Não podemos deixar que isso continue.”

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