No maior protesto desde que as manifestações em favor do padre negro Wilson Luís Ramos tiveram início, há cerca de 30 dias, o bispo de Marília, d. Luiz Antonio Cipolini, foi acuado no interior da Igreja Matriz de Adamantina, no interior de São Paulo, e teve de sair escoltado por PMs na noite de domingo, dia 7.
Procurado por telefone nesta segunda-feira, o bispo não foi encontrado para comentar o caso. O bispo, que havia ido à cidade realizar missa de crisma, ficou 1h50 no interior da igreja, esperando que cerca de 2 mil manifestantes se acalmassem. A multidão queria uma explicação sobre a saída do padre, vítima de racismo, segundo fiéis, e que ganhou a simpatia da população por ações em favor dos pobres e de jovens usuários de drogas.
A opção pelos excluídos, porém, foi condenada por um grupo de fiéis ricos e conservadores, de acordo com manifestantes. O grupo teria pedido a troca do padre, sendo atendido pelo bispo.
Missa
O bispo também enfrentou protesto na missa. Ao perceber que d. Luiz não daria explicações, jovens levantaram faixas e passaram a gritar frases em favor do padre. Moedas e cédulas foram jogadas no altar. O bispo interrompeu a missa e o padre pediu calma, mas o protesto continuou.
Após o fim da missa, padre Wilson tentou convencer a multidão a deixar o bispo sair, sem sucesso. Pouco depois das 23 horas, com a chegada da PM, o bispo deixou a igreja escoltado, enquanto manifestantes o chamavam de “racista”. D. Luiz teve de retornar a Marília no carro da PM, pois seu automóvel teve os pneus esvaziados. Ontem, padre Wilson disse que achou “exagerado” o protesto dos jovens dentro da igreja. “Sabia que haveria algo, mas não nesta intensidade.”
De acordo ainda com o padre, o protesto foi “inoportuno”. “Não era o momento, houve descontrole emocional dos jovens e também desrespeito ao bispo, que é uma autoridade religiosa.” Padre Wilson assume domingo, 14, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Dracena (SP). Ele será substituído pelo padre Rui Rodrigues da Silva. Segundo líderes religiosos, a saída do padre deve resultar na debandada de até 100 colabores que atuam na paróquia.
Além da opção pelos excluídos, a administração de padre Wilson foi marcada por aumento da arrecadação do dízimo e recuperação de capelas da cidade.
Na última semana, o bispo afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que a troca do padre ocorreu por causa da “divisão da paróquia”. Segundo ele, a situação colocava a integridade física de fiéis em risco. “Uma pessoa quase foi agredida porque foi confundida com outra que era contra a permanência do padre. Não podemos deixar que isso continue.”
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