Durante o primeiro debate desta quinta-feira da 4º Edição do Rumos -
Seminário Internacional Rumos do Jornalismo Cultural, o escritor e
jornalista Sérgio Rodrigues, editor de blogs sobre literatura no portal Veja.com,
comentou a respeito das grandes empresas digitais, como Google e
Amazon. Com o tema "Se é bom não vende, se vende não é bom: desde quando
gosto não se discute?", o crítico afirmou que o próprio jornalismo
digital criou monstros na comunicação.
"A própria cultura digital, que parecia tão fadada à democracia, em
um certo paradoxo ou não, gerou monstros concentradores como nunca
existiu, como Google, Amazon, alimentados pela cultura digital. Isso nos
faz rever a vocação democrática do digital. Não se dará de graça, terá
que ser conquistada", afirmou Rodrigues.
De acordo com Sergio, esse paradoxo formado pela cultura digital, ao
mesmo tempo que democratiza a informação, cria barreiras que tornam a
informação cada vez mais restrita.
"A tela é um espaço ilimitado, diferente do papel que custa caro.
Essa nova configuração vai ter que gerar e vai gerar suas próprias
autoridades para tentar dar conta de novo de um todo. Não vamos a lugar
nenhum se cada um falar para sua tribo. A internet é o reino das mil
línguas, e cada vez mais temos mais dificuldades de entender o outro.
Torço para que esse meio pulverizado crie seus pontos de coágulo",
explicou.
Para Sergio, existe uma saída para o problema. "Vejo um universo
enorme de oportunidades ainda não exploradas nesse mundo da rede. Falo
de uma cultura fermentada e insipiente, mas que tende a criar seus
próprios valores, autoridades, não mais impostas pelo nome do veículo,
que vai se legitimar no ambiente da internet. A internet é um faroeste,
um lugar que as pessoas se agridem como não se agrediriam pessoalmente."
O músico e escritor Lobão também participou do debate e comentou a
respeito da Lei Ruanet, que incentiva projetos culturais no Brasil.
Para ele, a lei é uma humilhação.
"Se você entrar no Ministério da Cultura, não há exceção. Todos
inventam. Qualquer coisa é motivo para receber somas absurdas. Você vê
que a intelectualidade brasileira está calada. Isso ajuda o medíocre. O
cara ganha esse dinheiro todo ano e são cadáveres porque eles mesmo não
terão capacidade de bancar uma turnê. Aí vem o sertanejo universitário",
disse o músico.
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