quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Grandes empresas fazem rever vocação democrática do digital

Durante o primeiro debate desta quinta-feira da 4º Edição do Rumos - Seminário Internacional Rumos do Jornalismo Cultural, o escritor e jornalista Sérgio Rodrigues, editor de blogs sobre literatura no portal Veja.com, comentou a respeito das grandes empresas digitais, como Google e Amazon. Com o tema "Se é bom não vende, se vende não é bom: desde quando gosto não se discute?", o crítico afirmou que o próprio jornalismo digital criou monstros na comunicação.

"A própria cultura digital, que parecia tão fadada à democracia, em um certo paradoxo ou não, gerou monstros concentradores como nunca existiu, como Google, Amazon, alimentados pela cultura digital. Isso nos faz rever a vocação democrática do digital. Não se dará de graça, terá que ser conquistada", afirmou Rodrigues.

De acordo com Sergio, esse paradoxo formado pela cultura digital, ao mesmo tempo que democratiza a informação, cria barreiras que tornam a informação cada vez mais restrita.

"A tela é um espaço ilimitado, diferente do papel que custa caro. Essa nova configuração vai ter que gerar e vai gerar suas próprias autoridades para tentar dar conta de novo de um todo. Não vamos a lugar nenhum se cada um falar para sua tribo. A internet é o reino das mil línguas, e cada vez mais temos mais dificuldades de entender o outro. Torço para que esse meio pulverizado crie seus pontos de coágulo", explicou.

Para Sergio, existe uma saída para o problema. "Vejo um universo enorme de oportunidades ainda não exploradas nesse mundo da rede. Falo de uma cultura fermentada e insipiente, mas que tende a criar seus próprios valores, autoridades, não mais impostas pelo nome do veículo, que vai se legitimar no ambiente da internet. A internet é um faroeste, um lugar que as pessoas se agridem como não se agrediriam pessoalmente."


O músico e escritor Lobão também participou do debate e comentou a respeito da Lei Ruanet, que incentiva projetos culturais no Brasil. Para ele, a lei é uma humilhação.

"Se você entrar no Ministério da Cultura, não há exceção. Todos inventam. Qualquer coisa é motivo para receber somas absurdas. Você vê que a intelectualidade brasileira está calada. Isso ajuda o medíocre. O cara ganha esse dinheiro todo ano e são cadáveres porque eles mesmo não terão capacidade de bancar uma turnê. Aí vem o sertanejo universitário", disse o músico.

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