quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Bandeira de Mello assume Flamengo e prega profissionalismo

Patricia Amorim, vista por muitos como a encarnação do que há de pior no Flamengo, virou passado. Na noite desta quinta-feira, Eduardo Bandeira de Mello assumiu a presidência do clube que detém o maior número de torcedores do País. No discurso, a marca da administração nos próximos três anos será o profissionalismo.

De postura tímida, Bandeira de Mello foi empossado aos gritos de "mengo, mengo" dos sócios, que encheram o salão nobre da Gávea. Eles cantaram e acompanharam o hino do clube com palmas e uma empolgação que não conseguiram ter nos campos de futebol na última temporada.

Funcionário de carreira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Bandeira de Mello pretende dar um choque de gestão no clube para mudar a situação. No papel, ele será o mandatário, mas o presidente terá ao lado um colegiado de empresários experientes e bem sucedidos - além do ídolo Zico, que atuará como conselheiro -, que tentarão mudar a imagem do clube e converter o tamanho da torcida em receita.

"Todo mundo viu um movimento de amor pelo Flamengo que se conjugou com muito profissionalismo para que vencêssemos a eleição. Agora nosso grande desafio é transformar uma campanha vitoriosa em administração vitoriosa. A receita é a mesma: muito amor pelo clube", afirmou Bandeira de Mello, sob aplausos. "Se sofremos com a iminência de rebaixamento no último Campeonato Brasileiro, a situação fora do campo é ainda pior. Sofremos com a justa fama de maus pagadores. E esta é uma coisa não podemos permitir."

A primeira iniciativa para alcançar o intuito será contratar uma auditoria para analisar as contas. "Precisamos saber qual é a real situação financeira do clube para dimensionarmos como será a recuperação", explicou. Carlos Langoni assumirá uma vice-presidência especial para coordenar o endividamento do Flamengo.

Outra mudança é a saída de Zinho. Com a chegada do diretor executivo de futebol Paulo Pelaipe, a nova administração ofereceu uma redução salarial de 50% e a mudança de cargo para gerente de futebol. Depois de passar oito meses turbulentos no clube - ele teve de vir a público sempre que Adriano cometia uma indisciplina, por exemplo -, Zinho não aceitou a nova realidade.

Mas não haverá de ser uma mudança fácil de realizar. O planejamento do primeiro ano terá de ser aquele elaborado pela gestão anterior. E os velhos donos da bola na Gávea, como Márcio Braga e Kléber Leite, apoiaram Bandeira de Mello na eleição. Certamente tentarão se intrometer no rumo das coisas. A capacidade política do presidente será testada desde já.

E a grande contratação que Bandeira de Mello pretendia anunciar no dia da eleição já caiu por terra - a pretensão era Robinho, mas o preço alto demais inviabilizou a negociação. As dificuldades financeiras, inclusive, deixam difícil qualquer grande passo. Embora Pelaipe prometa pelo menos quatro nomes para o time titular.

Patricia prometeu ficar afastada da vida política em 2013 e apoiou ao novo presidente, que beijou a mão dela e afirmou que vai procurá-la para utilizar a experiência. "Fizemos uma transição transparente e me coloco à disposição", disse Patrícia.

"Procurei fazer o melhor. Que me desculpem os erros e que sejam verificados os acertos. Fico muito feliz de ter cumprido o que me coloquei como objetivo. Que bom ter chegado ao fim destes três anos. Dedico este último dia à minha família, para quem pretendo me dedicar mais a partir de agora", afirmou a ex-presidente, que presenteou Bandeira de Mello com um relógio comemorativo aos 31 anos do título mundial rubro-negro. "O Flamengo é um clube de muita virtude. Sempre existe uma saída. Tudo vai dar certo."

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