Lançada no dia 9 de fevereiro a Solar Orbiter, uma sonda que é fruto das agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa) e Européia (ESA), teve suas primeiras imagens do Sol disponibilizadas ao público. A primeira passagem pelas proximidades do Sol ocorreu em junho.
A Solar Orbiter carrega seis instrumentos de imagens capazes de estudar, cada um, diferentes aspectos do Sol. Segundo a Nasa, apesar de as primeiras imagens terem como principal objetivo verificar o funcionamento dos instrumentos – o que não necessariamente implica em descobertas científicas –, a sonda já apresentou dados, por meio do equipamento Imager Ultravioleta Extremo, que sugerem características solares “nunca observadas com tamanho detalhamento”.
“Essas imagens sem precedentes do Sol são as mais próximas que já obtivemos. São imagens surpreendentes que ajudarão os cientistas a reunir as camadas atmosféricas do Sol, o que é importante para entender como ele conduz o clima espacial perto da Terra e em todo o sistema solar”, disse Holly Gilbert, um dos cientistas que integram o projeto na Nasa.
“Não esperávamos resultados tão bons tão cedo. Essas imagens mostram que o Solar Orbiter teve um excelente começo”, complementa o cientista da ESA Daniel Müller.
Astrofísico do Observatório Real da Bélgica, em Bruxelas, o investigador principal David Berghmans, destacou, entre as imagens observadas na estrela, o que chamou de “campfires” [fogueiras].
“Essas fogueiras são explosões solares com dimensões pelo menos um milhão, talvez um bilhão, de vezes menores. Ao olhar para as novas imagens de alta resolução, vimos que elas estão literalmente em todos os lugares observados”, disse.
Segundo a Nasa, ainda não está claro o que são essas fogueiras ou como elas correspondem aos fluxos luminosos solares observados por outras naves espaciais. A agência trabalha com a possibilidade de que sejam mini explosões conhecidas como nanoflares – faíscas minúsculas, porém onipresentes, teorizadas para ajudar a aquecer a atmosfera externa do Sol ou sua coroa a temperaturas até 300 vezes mais quente do que a de sua superfície.
No entanto, para confirmar essa hipótese, os cientistas precisam de uma medição mais precisa da temperatura dessas fogueiras, o que deverá ser feito por outro equipamento carregado pela sonda– no caso, a Imagem Espectral do Ambiente Coronal, ou instrumento Spice.
“Estamos aguardando ansiosamente nosso próximo conjunto de dados”, disse o pesquisador Frédéric Auchère, responsável pelas operações desse equipamento. “A esperança é detectar nanoflares com certeza e quantificar seu papel no aquecimento coronal”, acrescentou.
Uma outra imagem promissora já detectada pela Solar Orbiter mostrou reflexos da luz solar na poeira interplanetária (a chamada luz zodiacal). Trata-se de uma luz que, por ser fraca, acaba ocultada pelo brilho solar. Para se conseguir observá-la, foi necessário reduzir a luz emitida pelo sol para um trilionésivo de seu brilho original.
“As imagens produziram um padrão de luz zodiacal tão perfeito, tão limpo que nos dá confiança de que poderemos ver estruturas eólicas solares quando nos aproximarmos do Sol”, informou Russell Howard, do Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos.
Um outro equipamento, cuja função é a de mapear o campo magnético do Sol principalmente a partir de seus polos, já foi testado, apresentando resultados positivos para observações posteriores. Segundo a Nasa, ele terá seu apogeu quando a Solar Orbiter for gradualmente inclinando sua órbita para 24 graus acima do plano dos planetas, o que proporcionará uma “visão sem precedentes dos polos do Sol”.
Os novos dados, incluindo filmes e imagens com descrições detalhadas, podem ser vistos na galeria da Nasa e da ESA.
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