Patricia Amorim, vista por muitos como a encarnação do que há de pior
no Flamengo, virou passado. Na noite desta quinta-feira, Eduardo
Bandeira de Mello assumiu a presidência do clube que detém o maior
número de torcedores do País. No discurso, a marca da administração nos
próximos três anos será o profissionalismo.
De postura tímida, Bandeira de Mello foi empossado aos gritos de
"mengo, mengo" dos sócios, que encheram o salão nobre da Gávea. Eles
cantaram e acompanharam o hino do clube com palmas e uma empolgação que
não conseguiram ter nos campos de futebol na última temporada.
Funcionário de carreira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Bandeira de Mello pretende dar um choque de gestão no
clube para mudar a situação. No papel, ele será o mandatário, mas o
presidente terá ao lado um colegiado de empresários experientes e bem
sucedidos - além do ídolo Zico, que atuará como conselheiro -, que
tentarão mudar a imagem do clube e converter o tamanho da torcida em
receita.
"Todo mundo viu um movimento de amor pelo Flamengo que se conjugou com
muito profissionalismo para que vencêssemos a eleição. Agora nosso
grande desafio é transformar uma campanha vitoriosa em administração
vitoriosa. A receita é a mesma: muito amor pelo clube", afirmou Bandeira
de Mello, sob aplausos. "Se sofremos com a iminência de rebaixamento no
último Campeonato Brasileiro, a situação fora do campo é ainda pior.
Sofremos com a justa fama de maus pagadores. E esta é uma coisa não
podemos permitir."
A primeira iniciativa para alcançar o intuito será contratar uma
auditoria para analisar as contas. "Precisamos saber qual é a real
situação financeira do clube para dimensionarmos como será a
recuperação", explicou. Carlos Langoni assumirá uma vice-presidência
especial para coordenar o endividamento do Flamengo.
Outra mudança é a saída de Zinho. Com a chegada do diretor executivo de
futebol Paulo Pelaipe, a nova administração ofereceu uma redução
salarial de 50% e a mudança de cargo para gerente de futebol. Depois de
passar oito meses turbulentos no clube - ele teve de vir a público
sempre que Adriano cometia uma indisciplina, por exemplo -, Zinho não
aceitou a nova realidade.
Mas não haverá de ser uma mudança fácil de realizar. O planejamento do
primeiro ano terá de ser aquele elaborado pela gestão anterior. E os
velhos donos da bola na Gávea, como Márcio Braga e Kléber Leite,
apoiaram Bandeira de Mello na eleição. Certamente tentarão se intrometer
no rumo das coisas. A capacidade política do presidente será testada
desde já.
E a grande contratação que Bandeira de Mello pretendia anunciar no dia
da eleição já caiu por terra - a pretensão era Robinho, mas o preço alto
demais inviabilizou a negociação. As dificuldades financeiras,
inclusive, deixam difícil qualquer grande passo. Embora Pelaipe prometa
pelo menos quatro nomes para o time titular.
Patricia prometeu ficar afastada da vida política em 2013 e apoiou ao
novo presidente, que beijou a mão dela e afirmou que vai procurá-la para
utilizar a experiência. "Fizemos uma transição transparente e me coloco
à disposição", disse Patrícia.
"Procurei fazer o melhor. Que me desculpem os erros e que sejam
verificados os acertos. Fico muito feliz de ter cumprido o que me
coloquei como objetivo. Que bom ter chegado ao fim destes três anos.
Dedico este último dia à minha família, para quem pretendo me dedicar
mais a partir de agora", afirmou a ex-presidente, que presenteou
Bandeira de Mello com um relógio comemorativo aos 31 anos do título
mundial rubro-negro. "O Flamengo é um clube de muita virtude. Sempre
existe uma saída. Tudo vai dar certo."
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