Essa é uma história de pescadores. Era uma tarde
ensolarada de sábado e o mar estava tranquilo. Tudo corria bem na praia
de Jauá, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. O capitão do
saveiro Boa Esperança José Carlos Muniz dos Santos, 50 anos, mais
conhecido como Cacalo, então, convocou seus companheiros frequentes de
pesca Egídio dos Reis Santos, 72 anos, Ronaldo Pinheiro, 56, e Edvaldo
Pinheiro, 46, para mais três dias de trabalho em alto-mar.
Passado o prazo para retorno, eles desapareceram.
Domingo de manhã, um corpo foi localizado em Morro de São Paulo, em
Cairu, Baixo Sul. Nesta mesma região, sexta-feira, foi encontrada uma
bolsa com documentos de José Carlos e destroços da embarcação. Os quatro
pescadores pertencem à mesma família: são primos.
No dia anterior, todos estava contentes por que
haviam retornado de uma farta pescaria, que lhes rendera 400 quilos de
peixe. Apesar das redes cheias, eles resolveram embarcar no saveiro Boa
Esperança e contaram aos familiares que voltariam em três dias.
Agonia
Foi nessa parte da história que a agonia dos parentes e amigos dos quatro tripulantes começou. Na última vez em que o quarteto veterano de pescadores deixou a praia de Jauá era 24 de novembro. O grupo tinha previsão de retorno dia 26, uma segunda-feira.
Foi nessa parte da história que a agonia dos parentes e amigos dos quatro tripulantes começou. Na última vez em que o quarteto veterano de pescadores deixou a praia de Jauá era 24 de novembro. O grupo tinha previsão de retorno dia 26, uma segunda-feira.
“Cacalo ligou e disse que tava tudo fluindo sem
problemas e perguntou pelo resultado do jogo do Bahia contra o Náutico”,
contou Gilson de Oliveira, proprietário do barco. Depois disso, a
tripulação do Boa Esperança não fez mais contato.
“Nessa ligação, Cacalo falou que estava nas
proximidades da Cetrel, a 27 braças da costa (antiga medida de
comprimento, equivalente a 2,2 metros cada), a 35 metros de
profundidade. Quem menos tem tempo de pesca é Edvaldo, com 16 anos”, diz
Gilson.
Na porta de casa, a ex-mulher de Cacalo, a
cozinheira Jocelina de Santana, 48, contou que a filha Ana Paula só
dorme sob efeito de remédios. “Ela não pensa em outra coisa e a angústia
não tem tamanho. A gente está separado, mas sempre nos demos bem”,
afirmou. Além da jovem, Cacalo tem outro filho.

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