quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Ministério Público vai investigar denúncias de Valério sobre Lula

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, quebrou o silêncio após o julgamento do mensalão e afirmou, nesta quarta-feira, que vai pedir a apuração das denúncias feitas pelo empresário Marcos Valério envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema de desvio de dinheiro público condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Gurgel adiantou que episódios relacionados a Lula serão encaminhadas à primeira instância.


"Vamos ver o que existe no depoimento que possa motivar futuras investigações. Como sempre, nada deixará de ser investigado. Quanto especificamente ao presidente Lula, uma eventual investigação já não compete ao procurador-geral da República, já que o ex-presidente já não detém prerrogativa de foro.

Então, se estiver algo relacionado ao ex-presidente, isso será encaminhado à Procuradoria da República de primeiro grau", explicou Gurgel.

De acordo com o procurador, Marcos Valério teria entregado poucos documentos que comprovariam seu depoimento, feito em setembro. Entre eles, estariam dois comprovantes de depósito. Gurgel não detalhou os valores nem os beneficiários dos depósitos, mas acrescentou que possíveis investigações serão conduzidas pelo Ministério Público de São Paulo ou do Distrito Federal.

"Ele entregou alguns documentos, muito poucos, e esses documentos agora serão avaliados para que se possa tomar as providências necessárias à apuração. Lembro, por exemplo, de dois comprovantes de depósitos. Isso tem que ser avaliado, quem são os beneficiários desses depósitos, em que contexto isso foi feito. Tudo isso, enfim, tem que ser aprofundado para que a atuação do Ministério Público seja responsável e com objetivo de tudo apurar", disse.

Cauteloso, Gurgel acrescentou que as denúncias de Valério, que foi condenado a mais de 40 anos de prisão no julgamento do mensalão, devem ser vistas com ressalvas. Para o procurador, o empresário mineiro já se manifestou anteriormente sem apresentar qualquer prova das declarações feitas. "Com muita frequência, Marcos Valério faz referência a declarações que ele considera bombásticas e, quando nós vamos examinar em profundidade, não é bem isso", afirmou.

O procurador também relativizou a possibilidade de Valério ter a pena reduzida em função das supostas denúncias. No caso, a delação premiada não caberia, segundo Gurgel, porque as revelações do empresário não acrescentaram nada ao que os ministros do Supremo já vinham analisando.

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