As áreas de risco do Rio de Janeiro, mulheres que desrespeitam as regras do tráfico de drogas e da milícia e se envolvem com homens de outras comunidades recebem penas desumanas que vão desde o corte do cabelo até o espancamento e a morte. As imagens foram exibidas pelo RJTV nesta segunda-feira (13).
“No meio da rua, na madrugada, pegaram a garota, bateram bastante, rasparam a cabeça e, para não fazer algo pior, expulsaram ela e a família dela”, contou um morador de uma favela do Rio.
As redes sociais são monitoradas pelos criminosos. Conversar e manter relacionamentos com moradores de comunidades de facções e grupos rivais é visto com maus olhos. “Se você está na rede social ou você está conversando muito com a pessoa de outra facção já está de olho em você”, explicou a moradora de uma comunidade.
Para quem vive em uma comunidade dominada pelo crime, muitas vezes é preciso abrir mão do direito de ir e vir para não correr o risco de desagradar os criminosos.
“Já deixei de estudar, já deixei de trabalhar e já deixei de conseguir emprego porque eu falei onde eu morava”, explicou a mulher.
As diferenças em como os moradores de diferentes pontos do Rio de Janeiro vivem impressiona até os pesquisadores.
“Nós vivemos uma situação que, ao mesmo tempo, uma parte da cidade vive índices de direitos comparados a países desenvolvidos e parte da cidade não tem acesso a estes direitos. Esse é o ponto central. Nós precisamos igualar o nível de direitos e, sem a sociedade se comprometer a garantir direitos para todos, essa situação não muda”, explicou Marcus Faustini, da Agência de Redes para a Juventude.
As regras de relacionamentos são bem claras para quem vive em áreas dominadas pelo crime.
"A divisão é bem clara. E os moradores ficam reféns. Quando você mora em uma comunidade de outra facção rival você não pode ir do outro lado pegar um ônibus no qual possa ir trabalhar. É um território inimigo, e você fica muito exposto a isso”, explicou um morador de uma das comunidades.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro afirmou que atua com rigor no combate às milícias e às organizações criminosas e que, nos últimos dez anos, prendeu 1.326 milicianos. A PM afirmou que é de conhecimento de todos que existem regiões do Estado do Rio de Janeiro que sofrem influência do crime e que isso nunca impediu as ações de combate às quadrilhas.
Até famílias são obrigadas a viver separadas. "Se eu tenho familiar que é de uma outra favela que não seja da mesma facção que a minha, eu não tenho liberdade de visitá-lo. Ou de namorar alguém que não é da mesma favela, da mesma facção", diz uma moradora. Os encontros com moradores de comunidades rivais acontecem em áreas consideradas neutras.
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