O Palmeiras divulgou na noite da terça-feira (10) um vídeo com imagens do circuito interno do Allianz Parque que mostram a movimentação de Dionísio Roberto Domingos, diretor de arbitragem da FPF (Federação Paulista de Futebol), no ápice da confusão da final do último domingo (8). Na visão do clube, as imagens evidenciam interferência externa no trabalho da arbitragem durante o segundo jogo da final do Campeonato Paulista, vencido pelo Corinthians no Allianz Parque.
No vídeo é possível ver que Dionísio Roberto Domingos sobe pelo túnel da arena, entra em campo e, segundo o Palmeiras, se comunica com o assistente. O clube acredita que ele nem deveria estar em campo.
"Considerando que trata-se de violação clara das normas da IFAB (International Football Association Board) e do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que deve resultar invariavelmente na anulação da partida, o Palmeiras aguardará o pronunciamento imediato das entidades administrativas do esporte a respeito das providências sobre o assunto, sob pena de adotar todas as medidas cabíveis para garantir a lisura da competição e os seus direitos", diz o clube em nota.
No entanto, a FPF alega que não há qualquer irregularidade na presença do dirigente no gramado. A entidade admite que Dionísio não poderia conversar com qualquer membro do quadro de arbitragem da partida, mas o argumento é de que as imagens não comprovam se houve mesmo comunicação entre os profissionais.
O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP), Antônio Olim, sustentou que Dionísio não poderia conversar com qualquer um dos árbitros.
"Aí, fica difícil. Se houve isso mesmo, ele vai ter que se explicar. Primeiro explicar o motivo de ele estar lá dentro, porque não pode ter dirigente de clube, presidente, não pode ter ninguém lá dentro. Ele teria que se explicar, se ele teve essa conversa, ele vai ter que esclarecer", afirmou à reportagem.
Porém, assim como a FPF, Olim dá a entender que o vídeo apresentado pelo Palmeiras não é prova suficientemente conclusiva sobre a existência de comunicação. "Talvez, mas não vislumbro isso. Não vejo nenhum motivo para que o jogo seja anulado. Agora, com tudo que aconteceu, tem que ser esclarecido. O árbitro demorou, voltou atrás Eles vão explicar o porquê, dizer o que falaram. Porque tudo tem que ser provado", acrescentou.
"É igual investigar um crime. Eu sou delegado e vou te dizer: para você investigar um crime, botar o criminoso na cadeia, precisa das provas. Todo mundo pode até falar 'ah, mas tenho certeza', 'eu vi', tudo bem, mas o que ele falou? Se não tiver o que ele falou, fica difícil comprovar", completou, em sintonia com Salvio Spinola.
"[Dionisio] poderia estar [no campo], mas não deveria. Não deve falar com a equipe de arbitragem, não é recomendado", disse Salvio, ex-árbitro e hoje comentarista na ESPN Brasil.
Ele explica que em campeonatos organizados pela CBF existe a figura do tutor, que por vezes fica no gramado avaliando a atuação da arbitragem. Tal função, porém, não é padrão no Paulistão.
"Tutor é uma espécie de orientador. A CBF passou a adotar essa figura em alguns casos. Desconheço que a FPF escale tutores. O importante é saber a escala dos oficiais do jogo. A CBF informa na escala o tutor. Nunca vi na FPF", completou Salvio.
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