A relação entre fé e ciência deixou de ser tabu na Igreja Católica há
 muito tempo. De fato, isso começou a acontecer quando em 1578 o papa 
Gregorio VIII determinou a construção da Torre dos Ventos - que está no 
Vaticano até hoje, mas é fechada a visitas - para que sacerdotes 
matemáticos e astrônomos estudassem o tempo e reformulassem o calendário
 transformando-o, alguns anos depois, no gregoriano usado até hoje.
Contudo, ao longo dos séculos a Igreja Católica não deixou de ser 
apontada como contrária ao progresso científico e, numa tentativa de 
provar o contrário, o papa Leão XIII criou em 1891, atrás da Basílica de
 São Pedro, o Observatório Vaticano. As luzes da Cidade Eterna, porém, 
se faziam cada vez mais intensas, o que impedia uma perfeita observação 
do céu. Foi quando o papa Pio XI resolveu transferir os astrônomos para 
as Colinas de Albano, ao sul de Roma, em 1935.
Do alto das montanhas, por algumas décadas, o Observatório não sofreu
 interferências do progresso humano. Todavia, Roma havia se expandido 
tanto em 1981 que acabara comprometendo as observações. Naquele ano, 
então, o Observatório Vaticano expandiu suas fronteiras e se instalou 
nos Estados Unidos com o Vatican Observatory Research Group.
O diretor do Observatório Vaticano, padre José Gabriel Funes, sacerdote jesuíta argentino, recebeu a reportagem do Terra.
 Formado em Astronomia pela Universidade de Córdoba e doutor em 
pesquisas pela Universidade de Pádua, na Itália, está à frente do 
Observatório Vaticano desde 2006.
"O Observatório Vaticano mantém uma estreita colaboração com a 
Universidade do Arizona, em Tucson. Com o telescópio vaticano em Mont 
Graham, um dos lugares ideais para observação do universo em nosso 
planeta, podemos realizar as nossas pesquisas, principalmente aquelas 
que dizem respeito às estrelas de nossa galáxia e àquelas das galáxias 
vizinhas", afirma.
Além dos Estados Unidos, o Observatório Vaticano mantém telescópio e 
pesquisas no Deserto do Atacama, no norte do Chile. Na Itália, está o 
Laboratório de Meteoritos que, de acordo com padre Funes, é um 
importante recurso para compreender a formação do sistema solar e do 
próprio universo. "Ao entender como se forma nosso sistema solar, 
podemos confrontar esses dados com outros sistemas estelares. Aqui 
realizamos ainda estudos de cosmologia, da origem do universo, e sobre a
 Teoria das Cordas, que é uma das possibilidades para entender como 
nosso universo se formou", explica. 

 
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