Mas esse não se trata de um caso isolado, pelo menos
outras 44 pessoas procuraram atendimento na UPA de Itapuã ao longo da
última semana após comer na churrascaria, segundo confirmou ontem a
Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Na rede estadual de saúde, pelo
menos seis pessoas buscaram atendimento nos hospitais Roberto Santos e
Eladio Lasserre, duas no Hospital da Bahia e seis no Hospital do
Aeroporto. Ou seja, foram pelo menos 58 pessoas internadas após comer no
restaurante.
Um dos casos mais graves é o do marido e sogra de
Ana Patrícia dos Santos. “Eles estão internados no Hospital da Bahia.
Minha sogra, em janeiro, fez uma cirurgia para tirar um tumor do
pâncreas. Ela tem a saúde frágil e está sofrendo muito com diarreias e
vômitos desde quando comeu galinha com maionese da churrascaria com meu
marido”, conta.
Amigos e parentes de Edinho Pipoca, como era
conhecido o pedreiro, estiveram ontem no restaurante após saber da
morte. O dono do estabelecimento disse que aguardaria o resultado da
necropsia para dar assistência à família, segundo conta os parentes.
“Ontem (sexta) foram várias pessoas lá de noite, queriam quebrar tudo,
só não fizeram isso por causa de duas viaturas da PM”, afirma Anderson. A
família da dona de casa Maria de Fátima Pereira da Silva também passou
mal. Ela, o filho e o marido tiveram os mesmos sintomas que Edson e
foram atendidos no Jorge Novis.
Maria comprou na segunda-feira marmitas com feijão
fradinho, arroz, saladas de maionese e à vinagrete, carne, calabresa e
frango. Após o almoço começaram os sintomas. “Foi muita dor na barriga,
nem me segurava em pé, ficava quase que desmaiando e muita diarreia, que
ainda estou até hoje. Meu esposo ainda está de cama”, contou. Eles
gastaram cerca de R$ 80 de medicamento, que foi custeado pelo dono do
estabelecimento. “Ele (o Galego) está dando socorro às pessoas, pagando
medicamento”, diz Maria.
A subcoordenadora da vigilância sanitária de
Salvador, Carina Queiroz, esteve ontem na churrascaria e após vistoria
no local determinou sua interdição temporária. “Entregamos aos donos um
termo de interdição até que sejam concluídas as investigações sobre a
causa desses internamentos de pessoas que dizem ter passado mal após
comer aqui”, explica Carina, que encontrou irregularidades sanitárias na
churrascaria. A equipe da vigilância recolheu alimentos que foram
produzidos no restaurante nos dias 29 e 30 de novembro. O laudo deve
ficar pronto em 15 dias.
O CORREIO procurou os responsáveis pelo
estabelecimento, mas ninguém quis falar. Um funcionário se limitou a
dizer que “está ajudando as famílias”. Ontem, segundo a SMS, apenas uma
criança permanecia internada na UPA de Itapuã. A assessoria do Hospital
Roberto Santos se recusou a passar informações sobre o caso por se
tratar do final de semana, mas pelo menos três pessoas estão internadas
segundo relatos de familiares. Já a Secretaria da Saúde do Estado disse
que só pode fazer o levantamento nos seus hospitais amanhã. Algumas das
vítimas registraram boletim de ocorrência na 12ª Delegacia (Itapuã), que
investiga o caso.
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