A ousadia dos policiais que operavam cobrando propina, o chamado
"arrego", na favela Vai Quem Quer, em Duque de Caxias, região
metropolitana do Rio de Janeiro, surpreendeu os promotores responsáveis
pela denúncia encaminhada pelo Ministério Público (MP). De acordo com as
investigações, os PMs envolvidos no esquema recebiam até R$ 5 mil por
plantão, dependendo do movimento das bocas de fumo das favelas da
região, para não coibir atividades criminosas.
O promotor Décio Alonso conta que um dos PMs chegou a passar o
número de uma conta corrente aos traficantes para receber a propina
enquanto estava de férias. Os policiais também tentavam manter o
recebimento quando deixavam o batalhão - à época das investigações,
todos os 65 PMs acusados estavam no 15º BPM (Duque de Caxias). "Nos
surpreendemos com as escutas. Eles tentavam enganar os traficantes para
seguir recebendo o dinheiro, mesmo quando deixavam o batalhão", diz
Alonso.
Até as 14h30 desta terça-feira 60 policiais e 11 traficantes
foram presos por uma força tarefa formada pela Subsecretaria de
Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (Ssinte), pela Polícia
Federal (PF), pela Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar
(CI/PMERJ) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco).
A operação, que mobilizou cerca de mil agentes, é resultado de um
ano de investigações conjuntas e cumpre 83 mandados de prisão, 65
contra policiais militares, de nove batalhões, e outros 18 contra civis.
Entre os traficantes detidos, cinco já estavam presos no complexo
Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
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