domingo, 24 de agosto de 2014

Corpo de Geovane é enterrado no município de Serra Preta

Amigos e familiares de Geovane Mascarenhas de Santana, 22 anos, participaram da cerimônia de despedida do corpo rapaz no início da tarde deste domingo (24), no município de Serra Preta, que fica a 155 km de Salvador. O enterro aconteceu em um cemitério da cidade que fica no povoado Morro do Curral. 

Cerca de 300 pessoas estiveram presentes no enterro, sendo quemetade chegou ao local em dois ônibus e outros carros fretados. Serra Preta, na microrregião de Feira de Santana, foi escolhida para o sepultamento por ser a cidade natal da família do rapaz, visto vivo pela última vez durante uma abordagem policial da Rondesp, no bairro da Calçada.
 Os custos com o enterro foram pagos pela família. “Ofereceram ajuda quando a gente teve na Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, mas a gente já tinha se organizado e não precisou”, contou o comerciante Jurandy Silva de Santana, pai de Geovane.
Geovane desapareceu no último dia 2, após a abordagem policial. Um vídeo de uma câmera de segurança, que o próprio pai do rapaz conseguiu, mostra a vítima de moto sendo abordada e colocada no porta-malas da viatura da Rondesp, por volta de 17h. Depois de Jurandy denunciar o fato ao CORREIO, partes do corpo foram encontradas em locais diferentes — as mãos e a cabeça em Campinas de Pirajá, o tronco e os membros em São Bartolomeu. 
Apesar da confirmação de que uma mão achada em Campinas de Pirajá era de Geovane, o pai não reconheceu o resto do corpo no IML, já que não existiam tatuagens. Aí o DPT iniciou uma corrida para comprovar a teoria de que tudo pertencia a um corpo só.

“A pergunta era: se aquela mão pertence a Geovane, aquele tronco e aquela cabeça pertencem ao mesmo corpo da mão? Fizemos exames de tanatologia, depois de antropologia forense, de anatomia patológica, de necropapiloscopia e, finalmente, de DNA. Agora não há dúvida. O corpo é de Geovane” confirmou o diretor geral do DPT, Elson Jefferson. 

O perito Paulo Peixoto confirmou que Geovane não foi alvo de tiros. Em todos os exames de radiologia feitos no corpo, na cabeça e nas mãos, não se levantou hipótese de uso de arma de fogo. As próprias tatuagens do rapaz, uma delas em homenagem a Jurandy, foi arrancada com instrumento cortante. “O mais provável é que essas lesões tenham sido feitas para dificultar a identificação”, explicou Peixoto.

Para o coordenador do Observatório de Segurança Pública da Bahia, Carlos da Costa Gomes, a morte de Geovane foi um crime de estado e o fato de os policiais terem desligado o GPS da viatura já seria motivo para a expulsão dos acusados. “(Foi) a força pública do estado que cometeu o crime”, disse em entrevista à rádio CBN. 

Apesar da repercussão do caso, Jurandy afirmou que não sofreu nenhum tipo de ameaça explícita e, que, por conta disso, não pretende ingressar no programa de proteção. “Eu não vou mudar minha vida, a não ser que eu seja ameaçado mesmo, se pegar uma arma e apontar para mim”, disse. “Deveria me assustar? Eu estou sendo vítima, eu vou ser vítima de novo?”, completou.

O secretário interino de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado (SJCDH), Reginaldo Silva, disse ao pai de Geovane para ficar alerta. “A orientação é evitar andar em lugares públicos a qualquer hora. Quando voltar para casa, não voltar pelo mesmo caminho sempre, procurar não sair à noite e não andar sozinho”, explicou o secretário. “Ele precisa vigiar porque nem sempre quando vem o fato existe a ameaça antes. É preciso que fique em alerta a qualquer situação, a qualquer olhar diferente”, completou.

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