Na madrugada deste domingo (22) uma equipe da Polícia Militar tentou abordar o carro em que estavam cinco jovens com idades entre 12 e 18 anos. Segundo a polícia, o motorista tinha 17 anos e teria se recusado a parar o carro que estava com placa clonada e acabou colidindo com outro veículo na entrada da cidade de Planaltina, em Goiás. Três garotos morreram na hora, incluindo o menor que conduzia o veículo.
Após a batida, os policiais tiraram os garotos do veículo e os colocaram no chão. Vídeos mostram membros da corporação debochando de duas vítimas que agonizavam no asfalto. Homens que não aparecem no vídeo chegam a falar: “Chora não”, “você não rouba, c******? Você não rouba, desgraça?”, “assume o papel de homem” e “morre com dignidade” (sic). Em um determinado momento da gravação, um policial, que não aparece no vídeo, ilumina com uma lanterna um dos jovens agonizando no chão e diz: “Olha, moço, o tamanho dessa carniça”.
José Cícero Ferreira, de 44 anos, pai da criança, afirmou ao site Pragmatismo Político que está chocado com as filmagens. “Estava viajando e quando soube da notícia voltei correndo. Eles mataram uma criança. Eles tinham que ter socorrido o meu filho. Na hora em que eles bateram, os policiais tiraram os meninos do carro e jogaram no chão. Meu filho estava pedindo socorro e não ajudaram. Tenho certeza que os policias têm filhos. Não acredito que conseguiram fazer isso com o meu. A gente não quer briga, só queremos paz e justiça", contou.
O pedreiro criticou a ação dos policiais. “Meu filho trabalhava e estudava à noite, nunca teve passagem [pela polícia]. Queremos justiça para que policiais nunca mais façam isso com os outros”, afirmou.
O pai de outro jovem que estava no carro, Juscelino de Matos, de 53 anos, contou que o filho, de 18 anos, ainda chegou a ser levado para o Hospital de Base com um corte na boca e no supercílio, além de uma perna quebrada. “Se tivessem socorrido mais rápido, tinham salvado a vida do meu filho. Eles podiam ter feito um cerco, pelo menos meu filho estaria preso, mas vivo”. O garoto era filho único e havia se alistado recentemente no Exército. “A gente sabe que ele não vai mais voltar, mas esses policiais precisam pagar pelo que fizeram”, disse.
A Polícia Militar afirmou que vai abrir investigação do caso. "Todo policial é formado para servir e proteger a sociedade, como sempre fizemos. Este tipo de atitude isolada que denigre a imagem da corporação não será aceita”, declarou em nota a PM do Distrito Federal.
Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) negou que não teria acontecido nenhuma perseguição e que acionou socorro às vítimas. “Quando os PRFs chegaram ao local do acidente, já havia bombeiros resgatando a vítima sobrevivente”, disse.
O promotor de Justiça Nísio Tostes disse que está analisando as imagens e vai estudar quais procedimentos serão adotados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário