
Criado em 1993, o Conselho de Ética em apenas um episódio conseguiu aprovar a cassação de um senador e ver a confirmação desta decisão em Plenário. Foi no caso de Luiz Estevão (PMDB-DF), que estaria envolvido em um esquema de desvio de R$ 169 milhões do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. Historicamente, no entanto, requerimentos não são levados adiante e acabam rejeitados pelos próprios integrantes do Conselho.
"Não acredito que o Conselho de Ética seja isento, mas espero que os senadores tenham juízo. Se não acatarem as representações pelo menos para analisar (o teor dos pedidos de investigação), a frustração vai ser maior. Não se pode brincar com a opinião pública. Recusar as representações seria brincar com o povo e seria de uma arrogância suicida", avalia o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
"Os senadores estão torcendo para que uma renúncia de Sarney possa levar ao arquivamento das representações sem o Conselho de Ética ter de arcar com o peso político de julgar Sarney. Foi o que aconteceu com Renan Calheiros (que renunciou à presidência do Senado para enfraquecer denúncias que tinha por quebra de decoro). Se ele não renunciar, a opinião pública vai continuar a pressionar e os parlamentares vão ter de partir para a cassação do próprio mandato de Sarney", avalia o cientista político.
Autor de boa parte dos requerimentos, o senador Arthur Virgílio observa, por sua vez, que as investidas contra José Sarney não serão necessariamente em vão e aponta o governo como o "fiel da balança" nos julgamentos que irão definir se o parlamentar deve ou não ser punido. "Os requerimentos não são em vão. Há uma grande mobilização e vai crescendo um movimento fora da Sarney" comenta o senador, que acredita que Sarney "historicamente está envolvido em práticas condenáveis".
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