A estudante de direito Gaia Catone, 21 anos, viveu uma experiência desagradável por assumir uma postura materna com o seu namorado. Depois de dois anos de relacionamento, o rapaz rompeu por não suportar mais as cobranças, e só reatou depois de uma mudança de atitude. “Eu queria ficar perto o tempo todo, ajudá-lo a fazer suas escolhas, até mesmo orientar sua vida. Por ser uma ação só da minha parte, acabou desgastando a relação e terminamos”, lamenta.
Homens reclamando de namoradas e esposas que se colocam no papel de mãe é uma situação mais comum do que se pensa. Por mais natural que a vontade de cuidar e proteger possam ser, o excesso de zelo pode soar como uma tentativa de controlar o companheiro - o que na maioria dos casos acaba por corroer o relacionamento. Assim, é imprescindível saber como ele encara esse tipo de comportamento e, acima de tudo, deixar o aspecto feminino se sobressair ao maternal.
Claro que este entendimento varia de pessoa para pessoa, de casal para casal, mas geralmente funciona assim: o homem cresce com a mãe fazendo tudo para ele, pregando os bons modos, que é errado pegar as coisas dos amiguinhos, que não deve chegar em casa muito tarde, que deve fazer a lição antes do videogame. Em determinado momento, quando o homem - já crescidinho - começa a namorar, e a eleita assume a mesma postura da mãe, com vários “não pode”, isso parece censura, do mesmo tipo que existia no seu processo de educação.
Para Leonardo Hellmeister Shikasho, analista junguiano especialista em terapia de casais, o homem pode até se confundir em relação ao papel da companheira. “Somos condicionados a responder a modelos arquetípicos (cultura herdada de pai e mãe) anteriores a nossa própria existência até que desenvolvamos nosso próprio modo de conduta. Este modelo nos é mostrado pelos pais, sendo natural que exista certa confusão de valores à medida que todos os aspectos do arquétipo feminino são encenados por uma mesma pessoa. Tal como uma mensagem passada por mímica de geração para geração, esses aspectos dependem tanto da conduta encenada quanto da assimilação do espectador para a definição de sua própria conduta”, afirma.
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