domingo, 21 de agosto de 2011

Sem planejamento, Itabuna se tornou símbolo do colapso do trânsito do interior


Às 7h30 de quinta-feira, 28 de julho, o empresário Gustavo Melo, 37 anos, está prestes a encarnar Willian Foster, o personagem que enlouquece em um congestionamento no filme Um Dia de Fúria.

Mas, ao contrário de Los Angeles, com seus quase 4 milhões de habitantes, Melo está preso em uma avenida de Itabuna, cidade do Sul da Bahia que tem cerca de 5% da população da metrópole americana. A bordo de um Ágile Preto, ele berra irritação: “Não tem dia, nem lugar, nem hora para o trânsito parar. Isso aqui virou o inferno”.

Itabuna, o tal inferno sob rodas, é também o coração econômico da região cacaueira e símbolo de um fenômeno que transformou, para pior, a rotina das principais cidades do interior baiano, todas de porte médio: o colapso urbano causado pelo boom automotivo dos últimos dez anos.

De acordo com dados do Departamento Estadual de Transito (Detran), em 2001 havia 628.481 veículos em circulação na Bahia, sem contar a capital, Salvador. No último levantamento, até julho deste ano, o volume já era de 1.866.121, três vezes maior.

“O problema é que não houve planejamento para absorver a demanda crescente, o que vem sufocando o tráfego nos grandes centros do interior”, admite o secretário de Trânsito e Transportes de Itabuna (Settran), Wesley Melo. O despreparo para receber uma frota que cresce sem freios é evidente na cidade de 204 mil habitantes.

No início da década passada, o município tinha 21.003 veículos cadastrados, número que triplicou para 56.500 em 2011, puxado pela facilidade de financiamentos dirigidos, sobretudo, à emergente classe C, o atual filé do mercado nacional.

Contudo, em descompasso com o inchaço no trânsito, Itabuna não sofreu nenhuma grande intervenção viária. A última data do início dos anos 80, quando o então prefeito Ubaldo Dantas criou e ampliou avenidas e ruas.

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