O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou nesta sexta-feira que considera "extremamente graves" as informações reveladas por VEJA sobre o depoimento prestado na última terça-feira pelo doleiro Alberto Youssef, pivô do megaesquema de lavagem de dinheiro desmontado pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato. Como narra a reportagem, o doleiro, que atuava como banco clandestino do petrolão, implica a presidente Dilma Rousseff (PT) e Lula, seu antecessor, no esquema de corrupção. Em coletiva concedida no Rio de Janeiro, Aécio afirmou que, se comprovadas, as informações prestadas por Youssef confirmam que "houve operação de caixa dois na campanha presidencial do PT".
VEJA revelou que Youssef afirmou à PF que Dilma e Lula sabiam das irregularidades na Petrobras, que era usada de forma sistemática para desviar recursos que abasteciam os caixas do PT e de outros partidos aliados. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, também foi preso por sua participação nos desvios. Ele e Youssef firmaram um acordo de delação premiada, o que os obriga a comprovar as afirmações que fizerem para ter a pena reduzida.
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“A denúncia é extremamente grave. A delação premiada é um instrumento que apenas assegura benefícios se vier acompanhada de comprovações das denúncias. É preciso que nos alertemos, porque a primeira etapa da delação feita por Paulo Roberto Costa foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal, portanto acreditando nas informações que ali foram prestadas”, afirmou o presidenciável, em rápido pronunciamento em um hotel no Leblon, Zona Sul do Rio, onde se prepara para o debate da TV Globo, nesta noite.
Aécio destacou ainda o encontro narrado pelo doleiro com um integrante da coordenação da campanha presidencial do PT para tratar da repatriação de 20 milhões de reais que seriam usados na campanha de Dilma. “Se comprovado isso, é a confirmação de que houve operação de caixa dois na campanha presidencial do PT. É algo extremamente grave que tem que ser confirmado, mas é preciso que seja também apurado”, disse.
O tucano também criticou a postura de Dilma: o PT tentou censurar reportagem de VEJA sobre o depoimento de Youssef, mas teve o pedido negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Infelizmente até agora a única manifestação do PT foi pela censura. Essa não é certamente a resposta que os brasileiros aguardam e o TSE negou provimento a essa solicitação. O Brasil aguarda esclarecimentos cabais e definitivos”, afirmou.
Crimes – Em nota, a coligação de Aécio listou quatro delitos que, se comprovadas as informações de Youssef, terão sido cometidos pelo PT — corrupção passiva, corrupção ativa, peculato e prevaricação. "Tais fatos são por si só graves e indicam, caso confirmados, o cometimento de diversos crimes pelos dirigentes do PT. Vale dizer que, ao se confirmar que todas as infrações narradas pelo doleiro ocorriam com o conhecimento dos Srs. Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff, há que se realizar um aprofundamento das investigações para verificar a sua participação nos ilícitos, seja como partícipes, coautores ou beneficiários. Importante ressaltar que, de qualquer forma, há responsabilidade criminal a ser perquirida", informou a nota.
A coligação também destaca a revelação da tentativa da campanha petista de repatriar recursos estrangeiros, citada por Youssef, argumentando que isso pode levar à "extinção" do PT. "Por fim, é necessário apurar se a repatriação de recursos financeiros do exterior se concretizou, ainda que por meio de outro operador, pois, caso se confirme o ingresso de 20 milhões de reais de recursos ilegais em benefício da campanha de Dilma Rousseff, restará caracterizado o abuso de poder econômico nestas eleições. Além disso, a obtenção de recursos de procedência estrangeira por partido político poderá levar à extinção do Partido dos Trabalhadores."
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