Entidades e os dois candidatos à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), repudiaram neste sábado o vandalismo praticado contra a sede da Editora Abril, que edita VEJA, na noite de sexta-feira, em São Paulo. Um grupo de 200 pessoas, segundo a Polícia Militar, despejou lixo em frente ao prédio e pichou muros. Três pessoas foram detidas, segundo boletim de ocorrência registrado no 14º Distrito Policial de Pinheiros. As pichações foram assinadas pela União Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB.
No último ato público antes da votação deste domingo, o tucano visitou o túmulo do avô, Tancredo Neves, na cidade histórica de São João Del Rei, defendeu a liberdade de imprensa e condenou os atos de vandalismo contra a sede da Editora Abril, que edita VEJA. Nesta semana, VEJA revelou parte do depoimento do doleiro Alberto Youssef em que ele afirma que tanto o ex-presidente Lula quando a atual candidata à reeleição, Dilma Rousseff, tinham conhecimento do esquema bilionário de desvio de recursos da Petrobras, uma trama criminosa que, acreditam os policiais, sucedeu o escândalo do mensalão. Após a reportagem, o edifício da editora Abril foi pichado por manifestantes.
“Assistimos ontem e hoje a um atentado contra a democracia, contra a liberdade de expressão, o que já é uma marca extremamente preocupante dos nossos adversários. Ao tentar invadir e depredar a fachada de um importante veículo de comunicação, os manifestantes não atingem aquele veículo. Atingem o que temos de mais valioso, que é a liberdade de expressão no Brasil, a liberdade de imprensa. A democracia vive disso, das manifestações. E as contrárias devem ser respeitadas. O alvo foi errado, porque o que a VEJA e outros veículos de comunicação fazem é comunicar. Eles são os vasos transmissores das informações e ao tentar proibir a veiculação dessa revista, há uma demonstração clara do Partido dos Trabalhadores de seu descompromisso com a democracia e com a liberdade de expressão”, disse o candidato ao chegar à cidade de São João Del Rei. “É um atentado que deve receber o repúdio de todos os brasileiros da forma mais veemente possível. E uma boa forma de demonstrar esse repúdio é indo às urnas amanhã para valorizar a democracia e apontar um novo caminho para o Brasil”, completou ele, que disse que, se eleito, atuará em favor da liberdade de imprensa.
A presidente também comentou o caso. “Eu lamento qualquer ato de vandalismo. Não concordo. Repúdio formas de violência. Isso é uma bárbarie. Deve ser coibido. Nós só podemos aceitar um padrão de discussão que seja pacífico, com argumentos, que defenda posições e que não ataque uns aos outros. Não se cria um país civilizado e democrático dessa forma”, comentou a presidente.
Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) afirmou em nota que “repudia veementemente os ataques”. "A Abert acompanha com preocupação episódios como o de ontem à noite, pois a entidade considera grave qualquer ato de intimidação à liberdade de imprensa. A Abert lembra que a Declaração de Chapultepec, da qual o Brasil é signatário, aponta uma imprensa livre ‘como uma condição fundamental para que as sociedades resolvam os seus conflitos, promovam o bem-estar e protejam sua liberdade’”.
Em entrevista à Rede Globo, o presidente da OAB, Marcos Vinícus Coelho, afirmou: "Nesse momento entendemos que o principal é termos a maturidade institucional para preservarmos a democracia brasileira".
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