segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Globo dá a Flamengo e Corinthians o mesmo que Bayern e PSG faturam na Europa

Em muitos aspectos, como média de público e, principalmente, poder aquisitivo para contratar grandes jogadores, o futebol brasileiro ainda está longe de poder se comparar ao europeu. Mas pelo menos no que diz respeito à arrecadação com direitos de TV, os maiores clubes do país podem comemorar o fato de estarem conseguindo, pouco a pouco, se aproximar de alguns gigantes do continente.

Um levantamento recente divulgado pelo jornal britânico Daily Mail mostrou os ganhos nessa área de cada time nas cinco principais ligas europeias – Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha e França – e a comparação mostra que, se continuam longe de Barcelona, Real Madrid e de todos os times ingleses, os maiores clubes brasileiros já conseguem competir nesse aspecto com outras grandes equipes, como Atlético de Madri, Bayern de Munique,Borussia Dortmund e PSG.

A maior surpresa para o torcedor brasileiro talvez esteja justamente na comparação com o atual campeão alemão, comandado pelo técnico Pep Guardiola. Na temporada 2013/2014 da Bundesliga, o Bayern de Munique recebeu 36,93 milhões de euros de direitos de TV. Já Corinthians e Flamengo, que recebem os valores mais altos entre os times nacionais, ganharam pouco menos, 36,38 milhões de euros.

Com esses valores, os dois times mais populares do Brasil já apareceriam em um ranking dos 40 times melhor remunerados entre todos do Brasileirão e dos cinco campeonatos citados, à frente de equipes como Borussia Dortmund e Torino. O São Paulo apareceria em 65º, como 26,46 milhões de euros, e Palmeiras e Vasco estariam empatados em 75º, com 23,15 milhões de euros cada.

A tendência, porém, é de que os clubes brasileiros subam mais no ranking nos próximos anos. A partir de 2016, a previsão é de que Corinthians e Flamengo recebam R$ 170 milhões por ano, o equivalente a 56,18 milhões de euros. Nos valores atuais, seria o suficiente para os dois times ficarem entre os 30 primeiros do ranking, ultrapassando equipes como Lazio, Valencia, PSG, Atlético de Madri, Lyon e o próprio Bayern.

Espanholização do futebol brasileiro à vista
Na comparação com o Campeonato Espanhol, o que muda é a fórmula de negociação dos clubes com a TV. Mudanças estão sendo discutidas, mas, por enquanto, cada clube negocia suas cotas individualmente. Isso faz com que Barcelona e Real, recebendo 140 milhões de euros cada um, estejam muito à frente de todos os rivais. O terceiro colocado, Valencia, por exemplo, recebe 48 milhões, e cinco times recebem apenas 18 milhões de euros por ano.

Esse desequilíbrio acentuado dos gigantes espanhóis em relação aos seus rivais, aliás, é motivo de preocupação no Brasil. Não faltam alertas para o risco de Corinthians e Flamengo conseguirem repetir por aqui o domínio que se vê no país ibérico – antes do título do Atlético de Madri na última temporada, somente Barça e Real foram campeões no país por dez anos. Tudo, claro, graças à maior receita que conseguirão nos próximos anos por conta do tamanho de suas torcidas.

A partir de 2016, o previsto é que Corinthians e Flamengo recebam R$ 170 milhões de reais cada, o São Paulo receba R$ 110 milhões, Vasco e Palmeiras R$ 100 milhões, cada Santos R$ 80 milhões, Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Internacional, Fluminense e Botafogo R$ 60 milhões cada, e os outros integrantes do Clube dos 13, R$ 35 milhões.

Valores aumentam, dependência se intensifica
Outro alerta aos clubes brasileiros é quanto à dependência que a maioria deles têm em relação ao dinheiro da televisão, situação que não se repete em países como França e Alemanha, aqueles dos quais o Brasil está cada vez mais próximo nesse quesito.

O Bayern de Munique pode receber das televisões de seu país praticamente o mesmo que Corinthians e Flamengo recebem da Globo. Porém, o clube bávaro é um dos que mais arrecada com patrocínios em todo o mundo. Além disso, a Bundesliga tem a maior média de público do mundo, gerando outra fonte de receita segura para todos os clubes.

Já no Brasil, além de os clubes estarem encontrando dificuldades para fecharem bons acordos comerciais nos últimos anos, muitas vezes eles apelam para adiantamentos de contratos futuros da TV para sanar dívidas, o que, não raro, apenas adias problemas financeiros inevitáveis, como atrasos de salários dos jogadores.

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