quarta-feira, 30 de maio de 2012

Estudantes de comunicação expõem problemas do curso


Falta de professores para disciplinas básicas do currículo, não substituição de docentes que se ausentam para realizar cursos de Mestrado e Doutorado. Estas são algumas das reivindicações dos alunos do Curso de Comunicação Social (Rádio e TV) da Universidade Estadual de Santa Cruz. Em carta aberta, os estudantes expõem os problemas que acabam por inviabilizar o término do curso no tempo previsto de quatro anos.

De acordo com os estudantes, são necessários sete professores substitutos para matérias práticas e existe a possibilidade de saída de mais dois professores de disciplinas teóricas, o que significa um “agravante para a situação”.

Confira a carta na íntegra:

CARTA ABERTA

Os estudantes de Comunicação Social (Rádio e TV) da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus-Bahia, têm passado por uma série de questões problemáticas, nos últimos anos, e uma das mais complicadas tem sido a falta de professores para ministrar disciplinas básicas do currículo. Está se tornado inviável concluir a graduação nos quatro anos previstos, tendo em vista a ausência citada e a sucessão de medidas paliativas que não tiveram resultados satisfatórios, como por exemplo: adiantamento de disciplinas como cursos de férias; aumento do número de vagas e migração de professores para áreas em que não estão habilitados. Muitos são os professores que têm se ausentado para realizar os cursos de Mestrado e Doutorado, o que se configura como um direito que lhes é próprio, no entanto, a não substituição de tais docentes no tempo em que eles se encontram em estudo é que tem sido o grande agravante, o que gera uma situação de extremo desconforto para professores e alunos. Os docentes que estão na universidade se sobrecarregam e os alunos deixam de fazer certas disciplinas, inclusive as obrigatórias. A despeito das medidas que têm sido tomadas, nenhuma ação realmente efetiva ocorreu, no sentido de solucionar o problema.

Uma das necessidades enxergadas pelos graduandos é a realização de concurso para professor, sendo três substitutos e dois efetivos para a área de imagem, dois substitutos para a área de som e, considerando a possibilidade de saída de dois professores da área de teoria, visualizamos mais um agravante para a situação. Mesmo conhecendo o decreto 12.583, de 9 de fevereiro de 2011, do Governo Estadual da Bahia, que, entre outras medidas, impede a contração de professores no período em que os titulares da vaga estão em período de pós-graduação, reivindicamos nosso direito de ter ofertadas as disciplinas do currículo dentro do prazo previsto para a conclusão do bacharelado.

Somada a situação exposta, o curso encontra-se em processo de atualização curricular, medida essa que pretende reformular o quadro de disciplinas, em termos de quantidade e aumento da carga horária total do curso. Caso o novo currículo seja aprovado, não poderá entrar em vigor, tendo em vista que a demanda de professores é e será ainda mais insuficiente. É incompreensível que outros cursos dentro da nossa universidade realizem concursos para suprir as vagas não preenchidas e que, no curso de Comunicação Social, sejamos obrigados a conviver com o caos como se ele fosse um bem comum à nossa situação de estudantes. Embora tenhamos a sensibilidade artística inata à profissão, sabemos que o problema em questão vai além da sensibilidade, mas abarca o cumprimento de uma educação pública de qualidade, afiançada pela Constituição do Brasil.

Partindo da etimologia da palavra comunicação (communicare, “tornar comum”), estamos tornando público e comum nosso protesto em relação ao tratamento que tem sido dado ao nosso problema e a prova de que estamos articulados e engajados num projeto político e educacional que nos prepare para o mercado de trabalho, condição sine qua non para um estudante universitário, que vislumbra, no período de graduação, a chance de pesquisar e conhecer o mundo prático e teórico por meio de um ensino de excelência, algo inviável enquanto as cadeiras das disciplinas permanecerem sem professores e ocupadas pela omissão do Estado. Breve, estaremos do outro lado, representando os direitos de informação do cidadão, nos órgãos midiáticos. Recorremos a eles no momento em que sentimos nossa condição de estudantes prejudicada pela falta da condição básica do processo ensino-aprendizagem: a relação professor e aluno. Tornamos comum nossa indignação e solicitamos um mínimo de respeito para nossa causa. Não há futuro sem educação, mas também não há presente sem professores em sala de aula. Radar Notícias

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