Cerca de dois mil celulares circulam atualmente entre os internos das sete unidades do Complexo Penitenciário do Estado, em Mata Escura, conforme estimativa do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb).
De acordo com informações do site da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização, com dados do dia 31/8, a população carcerária é de 3.710 internos em sete unidades - a oitava é a Central Médica Penitenciária, que não foi incluída na estatística.
"Não são celulares baratos. No Módulo 2 da Lemos Brito, foram apreendidos smartphones, além de aparelhos que comportam dois e três chips", afirma Geonias Santos, presidente do Sinspeb.
A reportagem flagrou cinco mulheres falando ao celular com internos do prédio principal do Presídio Salvador. O registro foi feito na noite do dia 13 e madrugada do dia 14 de agosto. O companheiro de uma delas ligou para perguntar o que os jornalistas faziam em frente à unidade prisional àquela hora e o que ela havia falado.
Outra mulher contou que o companheiro liga três vezes por semana. "Mas ele não tem celular, pega emprestado", garante. Ele está preso há quase um ano, acusado de tráfico de drogas.
Prisões
O diretor de gestão prisional da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), major Júlio César, admite o uso de celulares. "Infelizmente, temos detectado isso. Têm ocorrido várias prisões de pessoas tentando ingressar (com aparelhos celulares). Fazemos no mínimo uma revista geral por mês, em todos os cantos, e temos as verificações diárias", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários, Geonias Santos, afirma que os celulares entram no complexo por meio de pessoas pagas para levar aparelhos e drogas, geralmente escondidos nas partes íntimas. "Essas pessoas ganham, em média, R$ 700. Certa vez, um travesti foi preso tentando entrar na unidade com um aparelho e disse que receberia esse valor".
Segundo Geonias Santos, o preço de um aparelho dentro da cadeia varia de R$ 700 a R$ 3 mil. Na Unidade Especial Disciplinar (UED), exemplificou, um celular custa de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil.
"O sistema prisional funciona como escritório do crime. Mais de 50% dos crimes que acontecem fora são ordenados por quem está preso", completou o sindicalista.
Os celulares entram não apenas com visitantes. A unidade não é murada e há quem jogue celulares e drogas pela cerca. Além disso, há apenas uma média de cinco a oito policiais para tomar conta de toda a área, de acordo com informações do Sinspeb.
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