Um concurso para eleger rainha e princesas do carnaval de Juazeiro, cidade ao norte da Bahia, terminou com denúncia de injúria racial e acusação de homofobia entre candidata e jurado.
Realizado na sexta-feira (19), o concurso elegeu como princesa a atriz Thaise Haila, de 19 anos, que concorria para o título de rainha. Dois dias depois, no domingo (21), Thaíse relata ter sido agredida pelo jornalista Glauber Dantas, jurado do evento, em um bar.
"Eu estava no bar e ele chegou em seguida. Fui perguntar a ele sobre a outra princesa e ele me chamou pra conversar em um canto. Ele começou a falar que eu fiz coisas para prejudicá-lo, disse que eu era arrogante e que tinha que saber perder, me conformar com resultado", contou ao G1 nesta terça-feira (23).
Segundo Thaise, ela respondeu que considera o resultado injusto e que a reação do público ao concurso confirma o pensamento dela.
"Depois, eu vi que ele estava alcoolizado e que a conversa não ia render boa coisa. Dei as costas para sair, quando ele veio para minha frente e cuspiu na minha cara. Então, ele começou a falar alto e me chamar de 'negrinha, suja, feia e fedorenta'. Ele começou a rir e falar alto, com tom sarcástico, me chamando de má perdedora", narra Thaise.
Homofobia
Procurado pelo G1, o jornalista Glauber Dantas enviou uma nota, que já havia sido publicada por ele nas redes sociais, onde conta a versão para o caso.Ele relata ter sido surpreendido "com uma avalanche de acusações falsas proferidas pela vencedora do terceiro lugar", no concurso de rainha do carnaval de Juazeiro.
De acordo com Glauber, Thaise o abordou em um restaurante, de forma agressiva e exaltada, por estar insatisfeita com o resultado do concurso.
Ele disse também que ela usou termos "chulos" com relação à orientação sexual dele, como tentativa de desqualificá-lo. Thaise nega a acusação.
"Apesar do constrangimento público que sofri, tentei manter o equilíbrio diante das palavras ofensivas proferidas pela atriz e apenas reagi, dizendo a ela que era digno aceitar uma derrota e que a atitude de revolta da mesma, revelava um espírito imaturo e desequilibrado", conta o jornalista.
Ainda conforme Glauber, Thaise o acusou de receber "propina" da gestão municipal para manipular o resultado do concurso, em favor da candidata eleita a rainha do carnaval. Thaise não comentou sobre a acusação.
Sobre a denúncia de que teria cometido injúria racial, ele foi enfático: "Tenho minha consciência tranquila de que em nenhum momento proferi qualquer termo que caracterize injúria racial, porque sou um combatente de qualquer forma de preconceito e discriminação. Não cometi nenhum crime e disso sou convicto. Não sou racista, afirmo categoricamente e provo com atitudes".
Glauber contou também que, assim como Thaise, está adotando as providências legais sobre o caso.
Conforme Thaise, o jornalista tem usado as redes sociais como forma de se vitimizar sobre o ocorrido.
"Ele fica querendo posar de vítima. Quando alguma pessoa que me conhece, me defende nos comentários da publicação dele, ele simplesmente apaga os comentários. Fez um texto dizendo que eu sou homofóbica e inventando coisas que não fiz, para dizer que eu não me conformo com o resultado. Eu denunciei ele, porque ele está tentando me calar e eu não aceito isso", pondera.
Thaise disse que, antes do acontecido, os dois não tinham uma má relação. "Nunca pensei que ia passar por isso, porque ele é uma pessoa que eu admirava e já disse isso a ele em vários momentos. Agora a admiração acabou, mas eu não tenho medo", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário