As oito vítimas fatais da operação do Exército e da Polícia Civil no Complexo do Salgueiro, em novembro do ano passado, foram atingidas por 35 tiros. Todos os mortos foram alvos de disparos pelas costas, segundo os laudos de necrópsia obtidos com exclusividade pelo EXTRA. O cadáver com mais marcas de tiros é o de Lorran de Oliveira Gomes, de 18 anos, atingido oito vezes: três disparos atingiram suas costas; dois acertaram as pernas; um a cabeça; outro a cintura; e o oitavo o braço esquerdo.
A pedido do EXTRA, o perito Leví Inimá de Miranda analisou os laudos. Segundo o especialista, há indícios de execução nos corpos de três vítimas: Márcio Melanes Sabino, de 21 anos, Marcelo Silva Vaz, de 32, e Josué Coelho, de 19.
— Nesses três casos, os laudos indicam que os tiros fatais foram disparados em situações diferentes dos demais. Há indícios de que as vítimas foram, primeiramente, feridas e, já deitadas, tenham sido atingidas por tiros de execução — afirma o perito.
Os disparos que mataram as vítimas foram na cabeça, de trás para a frente. Todos foram atingidos também em outras partes do corpo. No caso de Márcio, o disparo que o atingiu na cabeça foi feito de cima para baixo: o projétil entrou pela nuca e ficou alojado no pescoço.
Os peritos encontraram, ao todo, três projéteis nos corpos, que serão encaminhados para comparação balística: além daquele encontrado no corpo de Márcio, foram retirados projéteis dos cadáveres de Victor Hugo de Castro Carvalho, de 28 anos, e Lorran Gomes. As armas dos policiais civis que participaram da operação já foram recolhidas para perícia. Até hoje, dois meses depois das mortes, o Exército não enviou à DH a lista dos militares que estiveram no Salgueiro. Nem as armas.
Tiros foram de fuzil’, diz especialista
De acordo com Leví Inimá, pelas lesões provocadas, os disparos que atingiram as vítimas foram todos feitos com fuzis. Em quatro cadáveres, o perito responsável pela necrópsia observou a explosão do coração ou do fígado das vítimas.
— A maior parte dos projéteis transfixou os corpos e causou lesões internas extensas, típicas de disparos de fuzil — afirmou Inimá.
O fato corrobora a versão de um jovem de 19 anos que foi baleado nas mãos e na coxa durante a operação e sobreviveu. Em entrevista ao EXTRA, ele afirmou que homens vestidos de preto, com capacetes e fuzis com mira a laser, atiraram de um matagal em direção às vítimas, na Estrada das Palmeiras. O jovem foi ouvido pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.
Moradores do Salgueiro denunciaram ao MP que homens desceram, de rapel, de dois helicópteros por volta das 23h do dia 10 na área de mata próxima ao local dos crimes. Os helicópteros estariam apagados.
Sem depoimento dos militares
À DH, todos os agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que participaram da operação afirmaram que entraram na favela em caveirões e não fizeram disparos. Disseram que encontraram as vítimas já feridas. Já os 17 militares que participaram da operação no Salgueiro prestaram depoimento internamente no Exército. Nenhum deles afirmou ter atirado durante a ação. No dia dos crimes, nenhum militar se apresentou na DH.
A Polícia Civil e o MP estadual queriam ouvir os militares como testemunhas nas investigações que abriram. Entretanto, o Exército não disponibilizou os militares para contarem suas versões sobre a madrugada dos homicídios.
Um plano, duas ações
A operação que terminou com oito mortos no Complexo do Salgueiro aconteceu na madrugada de 11 de novembro. Cinco dias antes, a cúpula das forças de segurança estadual e federal definiu um plano para encurralar traficantes do complexo de favelas.
A estratégia era entrar na favela pela Rodovia BR-101 com caveirões para forçar os bandidos a fugir pela Estrada das Palmeiras. Ali, militares que chegariam em helicópteros e se infiltrariam na mata seriam responsáveis por surpreender os fugitivos.
O plano foi posto em prática pela primeira vez no dia seguinte, 7 de novembro, mas fracassou: avisados, os traficantes deixaram a favela. Três dias depois, o Exército e a Polícia Civil voltaram ao Salgueiro.
Tiros foram de fuzil’, diz especialista
De acordo com Leví Inimá, pelas lesões provocadas, os disparos que atingiram as vítimas foram todos feitos com fuzis. Em quatro cadáveres, o perito responsável pela necrópsia observou a explosão do coração ou do fígado das vítimas.
— A maior parte dos projéteis transfixou os corpos e causou lesões internas extensas, típicas de disparos de fuzil — afirmou Inimá.
O fato corrobora a versão de um jovem de 19 anos que foi baleado nas mãos e na coxa durante a operação e sobreviveu. Em entrevista ao EXTRA, ele afirmou que homens vestidos de preto, com capacetes e fuzis com mira a laser, atiraram de um matagal em direção às vítimas, na Estrada das Palmeiras. O jovem foi ouvido pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.
Moradores do Salgueiro denunciaram ao MP que homens desceram, de rapel, de dois helicópteros por volta das 23h do dia 10 na área de mata próxima ao local dos crimes. Os helicópteros estariam apagados.
Sem depoimento dos militares
À DH, todos os agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que participaram da operação afirmaram que entraram na favela em caveirões e não fizeram disparos. Disseram que encontraram as vítimas já feridas. Já os 17 militares que participaram da operação no Salgueiro prestaram depoimento internamente no Exército. Nenhum deles afirmou ter atirado durante a ação. No dia dos crimes, nenhum militar se apresentou na DH.
A Polícia Civil e o MP estadual queriam ouvir os militares como testemunhas nas investigações que abriram. Entretanto, o Exército não disponibilizou os militares para contarem suas versões sobre a madrugada dos homicídios.
Um plano, duas ações
A operação que terminou com oito mortos no Complexo do Salgueiro aconteceu na madrugada de 11 de novembro. Cinco dias antes, a cúpula das forças de segurança estadual e federal definiu um plano para encurralar traficantes do complexo de favelas.
A estratégia era entrar na favela pela Rodovia BR-101 com caveirões para forçar os bandidos a fugir pela Estrada das Palmeiras. Ali, militares que chegariam em helicópteros e se infiltrariam na mata seriam responsáveis por surpreender os fugitivos.
O plano foi posto em prática pela primeira vez no dia seguinte, 7 de novembro, mas fracassou: avisados, os traficantes deixaram a favela. Três dias depois, o Exército e a Polícia Civil voltaram ao Salgueiro.
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