quinta-feira, 31 de maio de 2012

Taxa de juros cai para 8,5%, e poupança vai ter rendimento menor


Como esperado pelo mercado, o Banco Central anunciou na noite desta quarta-feira (30) um novo corte de 0,5% na Selic, levando a taxa básica de juros da economia brasileira a 8,5% ao ano, o valor mais baixo da série histórica divulgada desde 1986. Com a Selic nesse patamar, a aplicação financeira mais popular do país, a caderneta de poupança, passa a ter um rendimento menor.

Até quarta (30), a remuneração da poupança era de 6,17% ao ano mais variação da Taxa Referencial (TR). Com a taxa básica de juros a 8,5%, o novo rendimento anual passa a ter uma nova fórmula: 70% da Selic (5,95%) mais variação da TR - índice calculado a partir da média de rendimento dos CDBs, em 0,2% em abril.

Desde a sua criação, em 1861, é a primeira vez que a poupança passará a render menos que 6% ao ano. A regra só vale para depósitos feitos a partir do dia 4 de maio, data em que o governo anunciou a nova fórmula de rendimento para a poupança.

Tradicionalmente uma aplicação de renda fixa, a poupança passou a ter renda variável toda vez que a taxa Selic atingir 8,5% ao ano ou menos, de acordo com a nova regra. Com a medida provisória, o governo busca impedir que a poupança fique mais atraente que outras aplicações financeiras, já que sempre que os juros da economia caem, os investimentos anexados à Selic rendem menos. Assim, o governo espera evitar que compradores da dívida pública retirem dinheiro dos títulos do governo e o coloquem na poupança.

Apesar do rendimento menor, a poupança continua valendo a pena para o pequeno investidor, de acordo com o vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. “Mesmo com a queda na rentabilidade, a poupança vai continuar valendo mais a pena em comparação com os fundos de investimento, por exemplo, pois taxas de administração e descontos no Imposto de Renda incidem sobre as aplicações desses fundos”, explica.

O cientista social Rogério Franco, 26, tem um dinheiro guardado na poupança e não pretende tirá-lo mesmo com as mudanças. “Mantenho o dinheiro lá por uma questão de segurança. Posso tirar e colocar na hora que quiser”, diz ao Correio da Bahia.

O professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, também acredita que a poupança continua valendo a pena, pois, segundo ele, não é um tipo de aplicação que visa ao grande lucro. “A poupança serve para evitar que o dinheiro que você tem guardado perca o valor com a corrosão inflacionária. Ela continuará garantindo isso”.

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