sábado, 8 de outubro de 2011

Igreja Presbiteriana ordena pela primeira vez um pastor assumidamente gay


A Igreja Presbiteriana americana ordenará neste sábado pela primeira vez um pastor abertamente homossexual: Scott Anderson, que há duas décadas decidiu revelar que era gay e se viu obrigado a renunciar ao posto em sua congregação na Califórnia.

A ordenação, que marca mais um passo de uma Igreja protestante pela aceitação de homossexuais no clero, acontece após décadas de debate. Em maio deste ano, com o endosso da assembleia nacional presbiteriana, a Igreja resolveu remover de sua constituição a obrigação de um clérigo de estar "dentro do convênio do casamento entre um homem e uma mulher, ou da castidade no celibato".

Numa entrevista recente em sua atual igreja, no Winsconsin, Anderson, de 56 anos, relembrou o dia em que teve que tomar a decisão após ter sua sexualidade descoberta por um casal, que ameaçou denunciá-lo.

- Foi realmente o pior e o melhor momento da minha vida - disse Anderson. - O melhor porque pude pela primeira vez dizer que eu era gay. Mas houve também tristeza por ter que deixar o que eu amava.

Jennifer Sauer, que frequenta a atual Igreja de Anderson no Winsconsin, disse que ele está emocionado com a ordenação.

- Qualquer um que conheça Scott vê seu extraordinário dom como pastor, sua habilidade de pregar a palavra, sua humildade - disse Sauer.

Conservadores questionam
Mas membros mais conservadores como Tom Hay, diretor de operações da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana, ameaçaram abandonar a Igreja.

- Os episcopais, luteranos, a Igreja Unida de Cristo: todos deram esse passo e tiveram perdas - afirma Hay. - Acho que nós perderemos também.

Várias razões foram citadas pelos defensores das mudanças na Igreja Presbiteriana, entre elas a tendência à aceitação da união do mesmo sexo na sociedade americana e o pouco interesse, entre membros do próprio clero, de continuar com o debate.

O pastor Scott Anderson conta que decidiu que queria ser pastor no ensino médio, e que só anos depois descobriu sua orientação sexual. No primeiro ano como seminarista, se apaixonou por outro homem.

- Naquele momento, eu tive que tomar a decisão: Sigo a regra e continuo no armário, ou saio, passo a ser honesto comigo mesmo e deixo o seminário? - conta.

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