A atuação de empresas na comercialização de mandos de campo chamou a atenção da CBF. Na última quinta-feira, a entidade enviou uma circular para as federações determinando que os clubes informem com quais empresas têm negociado os jogos nos novos estádios.
No comunicado, a CBF lista seis informações que os clubes precisam informar, entre elas quem são os responsáveis pelas empresas, além da razão social e os contatos. De acordo com a circular, as informações serão usadas para cadastro junto à entidade.
O ofício foi enviado na semana em que uma mesma empresa foi a dona da renda de dois jogos no Mané Garrincha, em Brasília. Em duas partidas, a renda total foi de mais de R$ 3 milhões. No sábado, o mando de campo era do Botafogo, no clássico contra o Fluminense. E na terça, do modesto Vila Nova (GO), contra o Vasco.
"Com a preocupação de conhecermos os agentes que têm operado jogos em novos estádios, estamos solicitando que as federações nos enviem os principais dados dessas empresas, para efeito de cadastrona CBF", diz a circular.
Os contratos são confidenciais, mas, geralmente, seguem o mesmo padrão. A empresa que se interessa por comprar a operação da partida paga uma quantia no ato da assinatura e estabelece uma porcentagem em favor do clube a partir de determinado número de público.
Federações e Governo do Distrito Federal também lucram
No caso do Botafogo, o alvinegro recebeu R$ 400 mil e mais cerca de R$ 200 mil referente a porcentagem prevista pelo público ter ultrapassado os 15 mil torcedores. A empresa ficou responsável por pagar as taxas e arcar com todos os serviços necessários para a partida (limpeza, segurança, venda de ingressos).
Os custos da empresa foram: pagou R$ 112,6 mil, referente a 5% da renda para as Federações do Rio e de Brasília, e ainda R$ 337,9 mil para o Governo do Distrito Federal, que administra o Mané Garrincha. De cerca de R$ 1 milhão que sobrou, pagou os serviços do estádio.
A reportagem estava no Mané Garrincha nas duas partidas e verificou que houve problemas na prestação de serviços aos torcedores. No jogo entre Vila Nova (GO) e Vasco, a organização abriu apenas três portões para acesso dos quase 20 mil torcedores presentes, o que provocou longas filas, fazendo com que muitos vascaínos entrassem somente aos 45 minutos de jogo.
No clássico, aos 20 minutos do segundo tempo ainda havia torcedores nas filas para comprar cachorro quente e refrigerante, devido ao insuficiente número de pontos de venda. Além disso, nos dois jogos, a área destinada à imprensa estava empoeirada e suja.
No fim do jogo entre Botafogo e Fluminense, a reportagem ainda flagrou alimentos que foram levados por torcedores espalhados pelo chão. Eles estavam próximo a um dos portões de entrada e não havia funcionários no local.
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