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das denúncias que apimentaram a reta final das eleições na Bahia, a
presidente do Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva, foi alvo de toda sorte
de acusações. Em especial, de trair, roubar dinheiro público e mentir
sobre o envolvimento de petistas graduados em desvios de verbas que
deveriam bancar a construção de casas populares. Chamá-la de mentirosa
ganha cada vez mais dificuldade.
As 17 cópias de documentos entregues pela dirigente
da ONG ao CORREIO mostram as relações entre o instituto e integrantes do
Partido dos Trabalhadores na Bahia. Indicam também como parte do caixa
da entidade foi parar em contas de pessoas ligadas a parlamentares do
partido e ou a políticos da base aliada ao governo Jaques Wagner.
No lote de cópias de documentos que compõe parte do
baú que Dalva Sele diz ter, dois se referem à campanha do senador Walter
Pinheiro (PT) para prefeito de Salvador em 2008. O primeiro é a
reprodução de um relatório contendo dados sobre três cheques da
conta-corrente do instituto na agência do Banco do Brasil do Rio
Vermelho.
A dois deles - os de números 850761 e 850022 - são
atribuídos o valor de R$ 100 mil cada. O terceiro, de nº 850916, tem
valor informado de R$ 60 mil. Os dois primeiros, segundo o relatório
entregue também ao Ministério Público do Estado, estão datados de 24 de
outubro de 2008.
Dois cheques foram entregues ao tesoureiro da campanha e sacados na boca do caixaDalva Sele Paiva, presidente do Instituto Brasil
Trata-se
da sexta-feira que antecede a votação do segundo turno em Salvador,
quando Pinheiro acabou derrotado pelo então prefeito João Henrique.
“Os dois cheques foram entregues para o tesoureiro
da campanha de Pinheiro e sacados bem perto do dia da votação, depois do
expediente bancário. Lembro que os saques foram feitos em uma agência
da Caixa Econômica do Garcia. O terceiro cheque entreguei pessoalmente a
um secretário dele, Alisson”, afirmou Dalva Sele, em entrevista ao
CORREIO, da Suíça, onde ela estava até ontem.
O segundo documento é a cópia de um recibo, datado
de 19 de dezembro de 2008 e supostamente assinado por Alisson Santos de
Souza, apontado por Dalva como o secretário da campanha de Pinheiro.
A repodução traz uma rubrica atribuída a Alisson,
antecedida pela confirmação do recebimento de um cheque de R$ 60 mil,
mesmo valor e numeração discriminados por Dalva no relatório.
A única referência no recibo é sobre o pagamento por
“serviços prestados”, sem discriminação do tipo. Pinheiro foi
procurado, mas respondeu, através de sua assessoria de imprensa, que não
iria se pronunciar sobre o caso.
Transferências
Na série de documentos encaminhados pela presidente
da ONG, há a cópia de um comprovante de transferência eletrônica feita a
partir da conta do instituto no Bradesco da Avenida Tancredo Neves, no
valor de R$ 35 mil. O favorecido é Francisco Fidalgo Sanchez, irmão da
deputada estadual Maria Del Carmen (PT).
Anda de acordo com Dalva Sele, a transferência,
datada de 25 de janeiro de 2006, teve como destino a campanha da então
vereadora de Salvador à Assembleia, quando ela recebeu 19 mil votos,
mas não conseguiu se eleger.
Em entrevista anterior, Maria Del Carmen havia
confirmado que seu irmão recebeu dinheiro do instituto, mas garantiu que
se travava de pagamento de um empréstimo. Ao CORREIO, a deputada
informou que só iria se pronunciar após a publicação da matéria.
Outro comprovante entregue por Dalva, de 28 de
fevereiro de 2008, mostra um depósito na conta do presidente da
Embratur, o baiano Vicente Neto, ligado ao PCdoB e ex-dirigente da CUT.
“Nunca recebi qualquer pagamento da referida
instituição. Tal calúnia será respondida em âmbito judicial”, rebateu
Vicente Neto. Segundo ele, trata-se de depósito feito por ele mesmo em
sua conta pessoal, conforme indicam as iniciais VJ no documento.
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