Em pouco mais de oito meses, o governo da presidente Dilma Rousseff já acumula cinco baixas nos cargos de primeiro escalão da administração pública. Ao todo, com a queda de cinco ministros - quatro por suspeitas de irregularidades e um por atacar colegas de Esplanada - foi registrada em média uma demissão a cada 51 dias.
O primeiro a deixar o governo, Antonio Palocci, havia sido apontado como um dos principais auxiliares dilmistas. Responsável pelas articulações da campanha que levou a primeira mulher à presidência da República, o então ministro-chefe da Casa Civil pediu demissão no dia 7 de junho após não resistir a suspeitas de enriquecimento suspeito.
Casa Civil
De acordo com reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo em 15 de maio, semanas antes de assumir a chefia da Casa Civil Palocci comprou um apartamento em São Paulo por R$ 6,6 milhões. Um ano antes, ele havia adquirido um escritório na cidade por R$ 882 mil. Com os novos bens, o patrimônio do ministro teria se multiplicado 20 vezes em quatro anos. Ele disse que o lucro foi gerado por sua empresa de consultoria, a Projeto, dentro da legalidade e declarado à Receita Federal. No entanto, afirmou que cláusulas de sigilo o impediam de anunciar maiores detalhes sobre os contratos ou seus clientes.
Transportes
O segundo a deixar o governo foi o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que entregou a carta de demissão no dia 6 de julho. Sua situação política como auxiliar da presidente ficou insustentável após uma reportagem da revista Veja apontar que o Partido da República, do qual ele é presidente de honra, teria integrantes vinculados ao Ministério dos Transportes que teriam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras. Os integrantes da legenda participariam de um esquema que renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério e sob a gestão da Valec, a estatal que cuida de ferrovias, e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). As denúncias também incluem suspeitas de um suposto crescimento patrimonial irregular do filho do ministro, Gustavo Pereira.
Defesa
Terceiro a desembarcar do governo, o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, entregou sua carta de demissão à presidente Dilma Rousseff no dia 4 de agosto. Sua situação se desgastou no Palácio do Planalto após declarações dadas à revista Piauí em que teria considerado a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, "muito fraquinha" e dito que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, "sequer conhece Brasília". Jobim negou ter feito as críticas e disse que as informações seriam "parte de um jogo de intrigas".
Agricultura
No dia 17 de agosto, após ter participado de suas audiências públicas no Congresso Nacional, Wagner Rossi, da Agricultura, pediu demissão, negando as acusações e argumentando que os ataques contra ele tinham objetivos políticos, como a destituição da aliança de apoio à presidente e ao vice, Michel Temer.
A revista Veja publicou, no final de julho, denúncias do ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, de que um consórcio entre o PMDB e o PTB controlaria o Ministério da Agricultura para arrecadar dinheiro. O denunciante é irmão do senador Romero Jucá, líder do governo no Senado, e foi exonerado após denúncia da própria revista de que teria autorizado o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa "fantasma". Outra reportagem afirmou que um lobista, Júlio Froés, atuaria dentro da pasta preparando editais, analisaria processos de licitação e cuidaria dos interesses de empresas que concorriam a verbas.
Turismo
Nesta quarta, o ministro do Turismo, Pedro Novais, deixou o governo após suspeitas de ter utilizado recursos públicos para o pagamento de uma governanta e de um motorista para sua mulher.
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