Em meio à dor pela perda abrupta de 154 pessoas, a revolta ganha espaço entre as famílias das vítimas do acidente da Gol no primeiro aniversário da tragédia após a sentença dos pilotos americanos do jato Legacy. "A única coisa que a gente tem depois de cinco anos é a palavra condenados", disse ao Terra Rosane Gutjahr. O marido dela, Rolf, era um dos passageiros do Boeing atingido no ar pelo jatinho. O impacto destruiu parte da asa esquerda da aeronave, que caiu na Serra do Cachimbo, em Mato Grosso, sem deixar sobreviventes.
Denunciados em 2007 por atentado contra a segurança do transporte aéreo, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino foram sentenciados em maio a quatro anos de prisão em regime semiaberto, mas a pena foi convertida em prestação de serviço comunitário nos Estados Unidos e proibição do exercício da profissão. A decisão foi considerada "infame" pela viúva, que é diretora da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907. "Seria a mesma coisa que um pichador de muro. Essa sentença para nós foi uma piada. Não nos satisfaz, não resgata pessoas que a gente perdeu."
A esperança, segundo Rosane, está no julgamento do recurso apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF). "O que a gente está pedindo é que, na segunda instância, pelo menos eles tenham a pena de prisão, e não de servir cafezinho em uma embaixada brasileira nos Estados Unidos. Só a palavra condenado não significa nada porque eles continuam trabalhando normalmente, um na ExcelAire e outro na American Airlines. (Os pilotos) se julgam inatingíveis por serem americanos."
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