A adolescente Rebeca Santos Dias, 14 anos, queria sair no domingo para dançar pagode numa rua conhecida como Nó de Pau, na Fazenda Grande do Retiro. Ao conseguir permissão da mãe, a garota foi conhecer um dos pagodes mais comentados do bairro. Mas ela aproveitou poucos minutos da festa. O som dos carros foi substituído pelo barulho dos disparos de um homem que já chegou no local atirando.
A jovem foi atingida duas vezes nas costas e, na manhã de ontem, não resistiu aos ferimentos. O corpo da adolescente, que morava na Fazenda Grande do Retiro desde que nasceu, será enterrado hoje à tarde, no cemitério Quinta dos Lázaros, às 16h. Rebeca é a quarta vítima de bala perdida em Salvador em menos de 24 horas.
Todos os crimes ocorreram no domingo em diferentes bairros. Em São Caetano, o jovem Eric Brendo Rocha Dias, 18, acusa um policial militar de ter efetuado o disparo que o atingiu no pescoço enquanto passava em frente ao posto médico do bairro.
Em Itinga, a menor L.S.S, 9 anos, teve a brincadeira em frente à casa da avó interrompida quando foi atingida no braço e no peito, durante um tiroteio entre traficantes. Geovane Santos Nascimento, 34, foi ferida na perna esquerda num bar próximo à Madeireira Brotas, em Pernambués. Em depoimento, ela contou que tentou se esconder ao ouviu os disparos, mas acabou baleada.
Já no caso de Rebeca, segundo a polícia, ela estava no local quando ocorreu uma briga entre duas gangues rivais, uma do bairro da Santa Mônica e a outra da rua Doutor Pedro de Araújo, conhecida como Nó de Pau, onde acontecia o pagode.
Revolta
“Como é que a gente vai viver sabendo que uma pessoa chega atirando do nada e tira a vida de gente inocente? A última vez que vi minha filha ela estava dançando em casa e pediu para ir ao pagode com as irmãs de 22 e 18 anos. Não dá para viver assim”, lamenta a mãe da adolescente, a manicure Jailma Bispo Santos, 38.
Nenhum comentário:
Postar um comentário