quarta-feira, 23 de maio de 2012

'Só chamei o PM de covarde', diz mulher detida por desacato em SP



Detida pela Polícia Militar por desacato durante o protesto contra a greve do Metrô e CPTM na manhã desta quarta-feira (23), em frente à Estação Corinthians-Itaquera, a copeira Rachel Cristina da Silva Santos, de 33 anos, afirmou que apenas chamou um policial militar de “covarde”. Além dela, a PM levou o lavador de carros Francisco Wenderson Sousa, de 20 anos, para a Central de Flagrantes do 63º Distrito Policial, na Vila Jacuí, Zona Leste, pela mesma acusação de desacato.

Em entrevista ao G1, os dois trabalhadores negaram ter desacatado os policiais e ter protestado junto aos manifestantes que bloquearam a Radial Leste. A polícia usou bombas de efeito moral para dispersar o grupo e liberar a via. Os detidos assinaram um Termo Circunstanciado na delegacia e foram liberados em seguida.

“Eu só chamei o PM de covarde. Só chamei de covarde porque um policial numa moto quase me atropelou durante a confusão. Aí ele parou e me deteve. Estava querendo ir trabalhar. Não sou manifestante coisa nenhuma”, disse a copeira Rachel Santos após deixar o DP no início desta tarde.

Ele reclamou da abordagem policial. “Fui tratada pior que um animal”, disse Rachel.

A copeira disse que no trajeto da estação até a delegacia bateu a cabeça dentro do carro da PM, e ao reclamar das manobras foi xingada pelos policiais. “Foram tantos nomes feios que nem me lembro. Fui lesada, fui jogada num camburão como lixo”, disse Rachel.

Se mostrando indignada com a detenção, ela afirmou que pretende procurar seus direitos. “Tinha gente pior, e eu vim parar aqui. Nunca fui para a delegacia. Nunca precisei”, disse a copeira.

Rachel contou que mora no bairro Itaim Paulista, também na Zona Leste, e diariamente pega um ônibus e três trens para chegar ao serviço. Nesta quarta, ela contou que saiu às 4h20 de sua casa e chegou ao metrô da Estação Itaquera as 5h10.

“Achei que ia dar para chegar ao trabalho”, disse a mulher, que entra às 9h no serviço e teme que a detenção a prejudique em seu trabalho, onde está há quatro meses. “Se soubesse que seria tudo isso, eu nem saía de casa”.

Lavador de carros
O lavador de carros Francisco Sousa também foi detido pela PM por desacato perto da mesma estação onde a copeira estava nesta manhã. Levado ao 63º DP, ele negou que tenha chamado o policial de “covarde”, como consta no Termo Circunstanciado que assinou. Segundo o documento, os policiais informaram que ele e a mulher os xingaram.

“Eu estava no morro lá em cima, perto da estação. Justamente para ficar longe da avenida, que estava bloqueada pelos manifestantes. Lá de cima eu saí correndo e os policiais me pegaram e disseram que eu tinha desacatado”, disse o homem, que se preparava para ir trabalhar. “Estava só no meio da confusão. Não fiz nada”.

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