Um dos pontos chave no trabalho da equipe será a reforma administrativa, que já vinha sendo abordada durante a campanha. A proposta é que o novo modelo de gestão seja alvo de um projeto da composição atual da Câmara Municipal, atualmente comandada pelo vereador Pedro Godinho (PMDB), aliado de ACM Neto no segundo turno. "Sou um homem do legislativo e vou respeitar a Câmara, mas me interessa, sim, compor com a maioria", disse.
Junto com a reforma administrativa, deve vir também uma política austera de ajuste financeiro para tirar a capital baiana da lista de municípios inadimplentes do Cadastro Único de Convênio com a União (Cauc). Entre as medidas previstas para a primeira semana de janeiro, estão a reestruturação da Procuradoria Geral do Município e a redução de cerca de 30% dos cargos de confiança da prefeitura. "Isso envolve economia e ajuste da máquina administrativa para sobrar dinheiro para o que é urgente, como limpeza, iluminação, pavimentação. Vamos ser extremamente austeros", afirmou o prefeito eleito.
Neto também incluiu na lista de ações emergências a requalificação da orla de Salvador, que teve sua infraestrutura destruída há cerca de seis anos por ordem judicial - já que o antigo projeto feria leis ambientais de patrimônio - e nunca foi recomposta, impactando nos números do turismo. "Em curto prazo, trabalharemos com a limpeza, iluminação e presença maciça da Guarda Municipal (que ele pretende armar).
Mas já em 2013, falaremos do novo projeto", afirmou, prometendo abrir um canal de diálogo com o Ministério Público Estadual e Federal, que têm sido entraves para a solução da questão.
A iniciativa privada também terá um papel relevante na administração de Salvador nos próximos quatro anos, segundo o prefeito eleito. De acordo com ele, além da mobilização de investimentos, os novos contratos municipais de concessão trarão mais responsabilidades para o empresariado, especialmente na área de transporte público e mobilidade. Desde já, Neto coloca na conta das empresas a renovação de 100% da frota de ônibus urbanos e a requalificação dos terminais.
Diálogo com a oposição
ACM Neto falou por telefone com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), após a confirmação de sua vitória, no domingo. O prefeito eleito afirma que se encontrará com o vice-presidente ainda nesta semana, já que viajará a Brasília na terça-feira. "Quero ter abertura com a presidente Dilma Rousseff e com todos os ministros. Será um governo harmônico".
Em nível local, Neto promete também buscar aproximação com o governador Jaques Wagner (PT) o mais breve possível. "Acho que a presença de uma prefeitura de oposição vai forçar o governo a trabalhar melhor, especialmente por Salvador nesses anos que estão por vir, e isso é muito positivo".
Neto trata com cautela declarações dadas há alguns anos e que até hoje lhe causam problemas. Uma delas é a de que "daria uma surra" no presidente Lula, frase dita na Câmara Federal no período do julgamento do Mensalão. "Eu era mais jovem, mas essa foi outra fase, que passou. Espero que a partir de agora esse seja um assunto sepultado", disse ACM Neto.
Sobre o cenário eleitoral de 2014 na Bahia, Neto se recusa a falar. "Já caí muito nessas pegadinhas e aprendi que não existe pergunta mal feita, mas resposta mal dada", disse, referindo-se à entrevista dada em 1999 à Folha de S. Paulo na qual declarou seu desejo de ser presidente do Brasil. Entre muitas especulações, a fala atribuiu a ele a pecha de arrogante, sendo na época ainda um iniciante na carreira política. "Não falo sobre 2014, quanto mais sobre 2018. O meu único projeto agora é ser um excelente prefeito para Salvador neste mandato", afirmou.
Sobre a declaração dada pelo adversário Nelson Pelegrino no domingo, atribuindo a derrota ao uso da máquina pública municipal, o novo prefeito não quis opinar. "Prefiro não comentar esse tipo de afirmação. Vou me ater a tratar o deputado (Pelegrino) com respeito", afirmou ACM Neto.
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