Mesmo depois de ter planejado a morte dos pais em outubro de 2002,
Suzane von Richtofen, 28 anos, disputa a metade da herança que caberia a
ela com o irmão Andreas, 25 anos. Os bens da família estão avaliados em
mais de R$ 11 milhões, entre dinheiro em contas bancárias e imóveis.
Todos os bens estão bloqueados pela Justiça, inclusive a casa em que
ocorreu o crime, que permaneceu fechada nos últimos 10 anos, e está
avaliada em cerca de R$ 2 milhões.
Em fevereiro do ano passado, a Justiça decidiu que a jovem não tem
direito aos bens por ter participado da morte dos pais. Como o dinheiro
da família foi considerado a principal motivação do crime, foi decidido
em primeira instância que ela é "indigna de receber a herança". Os
advogados de Suzane recorreram e o caso segue em análise da Justiça.
Uma nova decisão deve sair nos próximos dois anos, mas ainda
assim há possibilidades de novos recursos. O irmão de Suzane, Andreas
von Richtofen é estudante de química na Universidade de São Paulo.
Nestes dez anos, falou sobre o crime apenas no julgamento, onde foi
ouvido como testemunha.
Na ocasião, disse que era muito apegado à irmã, mas, em um
determinado momento, depois do crime, já não conseguia nem mais olhar
para ela. "Ainda está difícil aceitar uma atitude dessas". "Se ela diz
que tanto me ama, porque fez isso?", perguntou. Andreas conta que o
tempo todo Suzane tentou atrapalhar o inventário dos bens dos pais e que
ela mandou contar até os talheres da casa, para que nenhum objeto fosse
retirado sem seu consentimento. "São recursos e mais recursos e o
inventário não sai do lugar", disse ele, em juízo.
O crime
Suzane chegou em casa - no bairro do Campo Belo, zona sul da capital
paulista -, por volta da 0h15 do dia 31 de outubro de 2002 acompanhada
pelo namorado Daniel Cravinhos, na época com 21 anos, e pelo irmão dele,
Cristian Cravinhos, então com 26. Segundo a investigação da polícia,
ela subiu até o quarto dos pais e deu sinal verde para que os dois
fossem ao piso superior do sobrado, onde os pais - Manfred e Marisia
Richtofen dormiam.
A materialização do crime foi apresentada quatro anos depois, durante
o julgamento dos reús, em fotos da perícia e do Instituto Médico Legal,
que mostraram corpos desfigurados e o real tamanho da tragédia. O casal
foi espancado com bastões até a morte. A mãe de Suzane ainda passou por
um processo de estrangulamento.
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