sábado, 12 de junho de 2010

Nunca antes um presidente pisou tanto o solo da Bahia


Até onde a memória e a vista alcançam, salvo por um improvável equívoco histórico referente a passado bem mais remoto, é possível dizer ao estilo do atual ocupante do Palácio do Planalto em trajetória de despedida: nunca, na história deste País,um presidente pisou tanto o solo da Bahia, no exercício do poder, quanto o atual.

Na última quinta-feira, em plena fase de preparativos e mobilização, para a convenção nacional do PSDB que vai homologar, neste fim de semana, o nome de José Serra como candidato à presidência da República nas eleições de outubro, eis que Luis Inácio Lula da Silva, em novo périplo pelo Nordeste, desceu do avião em sua quase improvisada trigésima visita ao estado.

"Amaldiçoado quem pensar mal dessas coisas", diriam os elegantes pensadores franceses sobre seus políticos e governantes de antigamente. O certo é que tucanos e democratas no Brasil atual não encontram motivos para tanta amabilidade. Principalmente aqueles que viram as imagens de Lula descendo a escada do avião abraçado com o governador petista Jaques Wagner, pré-candidato a permanecer no Palácio de Ondina por mais quatro anos.

Ainda mais quando o desembarque e o apoio presidencial explícito acontecem no momento em que os adeptos do DEM também preparam faixas, coloridas bandeirolas juninas e enchem balões de gás. Motivo: uma festiva convenção estadual homologará também, neste fim de semana, a escolha do ex-governador Paulo Souto - em franca subida nas pesquisas mais recentes - , candidato do carlismo e do tucanato baianos para tentar barrar o sonho petista de manter Wagner no comando do governo e da política estaduais.Desta vez uma surpresa (ou não?), na visita do presidente ao centro histórico da cidade, tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.

Antigo diamante da coroa do carlismo, o Pelourinho é motivo de bafafá cultural e de severas críticas administrativas aos governos de Lula e de Wagner, em razão do abandono que a área amarga atualmente.

Uma das mais demolidoras e recentes partiu de Caetano Veloso, no seu texto de estréia como cronista do jornal O Globo, em maio passado.Quinta-feira, "carregando um saco de bondades", como ironizou um jornal local, Lula precisou dividir o foco de interesse e de atenção dos soteropolitanos com as imagens que chegavam direto da África do Sul, na transmissão do show de pré-abertura da Copa.

O bispo anglicano e Nobel da Paz, Desmond Tuto, fazia a vibrante saudação aos visitantes dos países da Copa e ao líder revolucionário Nelson Mandela - que Lula comparou à pré-candidata Dilma Rousseff em recente e ainda polêmico programa de propaganda política na televisão.Sem a famosa batina, vestido de torcedor dos Bafana Bafana, Tutu em sua fala mexia com as emoções do povo do Pelô - área onde há décadas as o bispo fizera empolgante pregação pela paz, solidariedade entre os povos e contra o racismo em seu país.

O ato político, social e religioso terminou com a multidão presente cantando em coro a magnífica "Oração pela libertação da África do Sul", de Gilberto Gil.

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