sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Jaques Wagner orgulha-se de ignorar demandas da imprensa


As graves denúncias que atingem a gestão do secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, reveladas na auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e divulgadas em detalhes na edição do dia 11/11 do Jornal da Metrópole, foram solenemente ignoradas pelo governador Jaques Wagner (PT). Ao contrário da presidente Dilma Rousseff, sua companheira de partido, que demitiu cinco ministros acusados publicamente de desvio de dinheiro público, o governador enche a boca para dizer que não será pautado pela mídia. Ou seja: vai ignorar as acusações contra Solla e outras suspeitas levantadas pela imprensa.

As denúncias envolvem contratações sem licitação, empréstimos obscuros e transações proibidas, sem citar superlotação e até sumiço de bens.

Apesar da consistência da auditoria, Wagner e sua equipe preferiram atacar o conselheiro Pedro Lino, relator do documento. A estratégia se tornou comum no governo Wagner, que já fala em controle social da mídia.

Além de desconsiderar a fiscalização da imprensa, o governador já disse não ter como evitar a corrupção. “O Brasil, como a Bahia, é muito grande. É difícil que um gestor consiga saber se cada convênio de R$ 500 mil, R$ 1 milhão, se cada estrada, se cada hospital vai ser bem-feito ou não”. Então tá.

Para debaixo do tapete

No caso da Viabahia, concessionária responsável por administrar o pedágio na BR-324, o governador Jaques Wagner levou quase um ano para se manifestar sobre a negligência da empresa, que se recusava a investir na melhoria da trafegabilidade na rodovia. Ao contrário do que diz o governador, é fato que a situação só mudou depois que veículos de comunicação insistiram nas denúncias.

Um dos argumentos do governo é que a concessão é federal. Mas, aliado da presidente Dilma, Wagner poderia ter usado a influência política para pressionar a Viabahia. Será que não o fez porque não aceita ser pautado pela mídia?

Depois de quase um ano de vigência do contrato, e sem usar seus anunciados benefícios junto ao governo federal, Wagner defendeu recentemente na imprensa a ação do Ministério Público Federal (MPF), que pede o cumprimento do contrato de concessão. “Se o Ministério Público, no seu papel de defender os interesses do cidadão, entendeu, como a maioria da população, que a Viabahia não está cumprindo o que contratualmente se comprometeu, a atuação está correta”, constatou o governador, quase tardiamente.

Ainda bem, para o povo, que o MPF aceita se pautar pela mídia.

Constatação atrasada

Outro exemplo de como Wagner fecha os olhos às manchetes é o descaso no caso do sistema ferryboat. Ao invés de atacar o problema de frente, o governo quer conquistar a opinião pública mostrando infográficos de uma ponte que não tem nem previsão de início das obras, quanto mais de término.

Enquanto isso, a TWB, que opera a travessia, é alvo de investigações do Ministério Público da Bahia (MP-BA) envolvendo malversação de recursos com conivência da Agerba, logo, da gestão estadual.

Mais: Wagner silenciou sobre a suposta atuação do diretor-executivo da Agerba, Eduardo Pessoa, como advogado de empresas de ônibus em ações contra a própria autarquia que dirige, fato denunciado na Câmara Federal pelo deputado Antônio Imbassahy (PSDB).

O caso circulou na mídia e a atuação de Pessoa como advogado de empresas de transporte pode ser confirmada no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA). Curiosamente, a acusação não deu em nada. “São suspeitas graves divulgadas pela imprensa e precisam ser apuradas. O governo que preza pela ética não pode fingir que o problema não existe só porque foi descoberto pela mídia”, criticou Imbassahy.

Controle da mídia

Em setembro deste ano, o PT nacional aprovou, com apoio das lideranças baianas, uma resolução que defende o ‘controle social da mídia’. Para muitos, nada menos do que uma forma de censura. A resolução foi aprovada em meio à crise ética que atinge o governo federal, e o PT quer transformar a ideia em lei.

Na Bahia, deputados e membros do governo Wagner aprovaram a proposta criticada por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Entre os apoiadores está o presidente estadual da legenda, Jonas Paulo, conhecido por seu trato ‘gentil’ com correligionários.

“As pessoas querem tergiversar. Estamos discutindo o poderio econômico que impede a manifestação livre das ideias”, argumenta Jonas Paulo. A deputada estadual Luiza Maia foi mais enfática ao defender a prática. “As ‘Folhas de São Paulo’ e ‘Globos’ da vida precisam ser reguladas. É muita denúncia falsa, muita esculhambação que tem aí”, acusa a petista.Fonte: Jornal da Metrópole

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