Impossibilitado de discursar nesta terça-feira na Câmara dos Deputados
por falta de quórum, Romário publicou em seu site oficial o texto que
seria lido na sessão, que discutiria questões relacionadas aos Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016. O ex-jogador manteve sua postura
crítica dos últimos meses e não poupou críticas ao presidente do Comitê
Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, questionando o longo
mandato do dirigente, que deve ser reeleito no próximo pleito da
entidade, visto que é candidato único.
Há 17 anos no comando da entidade, Nuzman foi questionado pelo
deputado sobre a venda de ingressos para a Olimpíada. Romário questiona a
presença de Stephen Hickey, filho de Patrick Hickey, em uma subsidiária
do Grupo Marcus Evans, empresa que ganhou o direito de vender os
ingressos dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Segundo o ex-jogador, Patrick
Hickey é amigo próximo do brasileiro dentro do Comitê Olímpico
Internacional (COI). O irlandês estaria sendo investigado por suposta
fraude na venda de entradas para outras edições da Olimpíada.
O deputado citou uma investigação da Comissão de Ética do COI
sobre um suposto escândalo de distribuição de entradas para os Jogos de
Inverno da Rússia, em 2014. Este envolveria Patrick Hickey e seu filho
de forma secundária, graças à proximidade dele, funcionário do
Hospitality Group, com o Grupo Marcus Evans. Os pacotes de ingressos
vendidos pela empresa eram direcionados a um público elitizado, o que
incomodou Romário.
"Eu gostaria de saber - talvez o Sr. Nuzman possa esclarecer ao
Parlamento e à sociedade brasileira - se o Sr. Hickey costuma visitar o
Rio para contribuir com os preparativos do evento, ou para sondar
oportunidades de negócios para sua família. Afinal, eu soube de fonte
segura que o filho dele trabalha numa subsidiária da empresa que ganhou,
pela mão do Sr. Hickey, o direito de vender ingressos para os Jogos
Olímpicos de 2016", publicou o deputado.
Romário deu sequência às críticas elencando perguntas ao
presidente do COB sobre a venda de ingressos da edição brasileira do
evento. A restrição da Olimpíada à população rica é a maior preocupação
expressada pelo ex-jogador, que sugeriu a vinda de Patrick Hickey ao
Brasil para ser ouvido pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos
Deputados.
A Comissão, que tem o deputado como um de seus membros, foi
citada novamente após críticas ao furto de documentos realizado por
membros do Comitê Organizador Local (COL) em Londres, classificado como
"vergonhoso" por Romário. O ex-jogador ainda lembrou de um episódio dos
Jogos Pan-Americanos de 2007 que envolveu a cópia de dados de uma
empresa por um membro do Comitê Organizador.
Por fim, o deputado federal cobrou do ministro Aldo Rebelo e da
presidente Dilma Rousseff a fiscalização do COL no que se refere à venda
de ingressos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, além de
auditar a origem e aplicação dos recursos públicos destinados ao COB e
as contas da mesma entidade.

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