quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tropas da PM se deslocam para onde impera a confusão eleitoral

Esqueçam o quiproquó entre o prefeito Odorico Paraguaçu e seu ferrenho opositor, o jornalista Neco Pedreira. A rixa política da fictícia cidade baiana de Sucupira, presente na obra “O Bem Amado”, de Dias Gomes, só guarda semelhança com as disputas daqui na raiva mantida pelos envolvidos na trama.

 Na vida real, em vez apenas de armações políticas e acusações deflagradas, há tiro, bomba e pancadaria. Em Camaçari, o terceiro maior colégio eleitoral do estado, o procurador regional eleitoral, Sidney Madruga, solicitou até a presença da Polícia Federal para evitar confrontos.

Hoje, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) dará entrevista coletiva para divulgar detalhes da operação que vai envolver 31.512 policiais e bombeiros militares. Desde o início da semana, tropas já começaram a ser deslocadas para os mais de 85 municípios em que juízes eleitorais solicitaram o acréscimo nas forças de segurança.

Em Camaçari, o auxílio  foi solicitado após pedido do candidato Maurício de Tude (PTN), que apresentou cinco boletins de ocorrência com registro de atos de violência durante a campanha. O mais recente aconteceu na madrugada de domingo, quando um funcionário da campanha, Sebastião de Jesus, responsável pela fiscalização de placas em vias públicas, foi espancado a pauladas em via pública. “Eu mesmo já fui agredido, no desfile cívico do dia 28 de setembro. Me puxaram pelo colarinho e rasgaram minha camisa”, relata o candidato.

Tensão
Na paradisíaca cidade de Porto Seguro, qualquer discussão entre militantes hoje é motivo para intervenção policial. Após a polêmica envolvendo a candidata Cláudia Oliveira (PSD), filmada enquanto brincava dizendo que roubaria dinheiro público, caso eleita, os adversários transformaram o fato em zombaria em jingles de campanha, e a disputa já resultou em troca de socos.

No domingo passado, o marido de Cláudia, o prefeito de Eunápolis, Robério Oliveira (PRTB), discutiu rispidamente com um adversário de sua mulher, o candidato Lúcio Pinto (PMDB), na frente de uma igreja, após festa da padroeira da cidade. “Me dirigi a ele dizendo que fosse homem, tomasse vergonha na cara e parasse de desrespeitar a minha família”, relatou Robério, ao reclamar que o jocoso jingle era tocado na frente do templo religioso.

“Ele veio falar comigo que se a política continuasse dessa forma ele ia partir para outros meios. Nunca tive problemas com ninguém e agora venho receber ameaça”, retrucou o peemedebista, que deu queixa do caso à polícia. Na ocasião, houve tumulto entre militantes, que tiveram de ser contidos por seguranças para evitar confronto físico.


Vândalos invadiram comitê em Camaçari, que terá reforço da PF

Bombas

Em comício realizado sábado em um distrito de Livramento de Nossa Senhora, Sudoeste do estado, ficaram de lados opostos a polícia e militantes do candidato Ricardo Ribeiro (PSD). Quatro policiais entraram em confronto com centenas de pessoas, em uma guerra de bombas de efeito moral, gás de pimenta, tiros para o alto, pedras e latinhas de cerveja. No fim, três policiais e nove militantes foram hospitalizados. O desentendimento começou quando uma guarnição da PM prendeu um rapaz que portava drogas.

Conforme relatou o PM Eliomar Costa em boletim de ocorrência, o usuário resistiu à prisão, o que o teria obrigado a usar algemas. O público que assistia à ação se solidarizou com o preso e começou a confrontar a polícia, jogando pedras e latas. “O povo ficou indignado, porque eles estavam batendo. Se quisessem só prender, teriam algemado e levado”, conta Alexandre Santos, coordenador da campanha de Ribeiro.

Para conter a multidão, o policial admitiu ter dado tiros para cima, além de usar bombas de efeito moral e gás de pimenta. “Teve viatura quebrada, assim como teve policial e gente ferida. Agora vamos ouvir todos os lados e apurar quem se excedeu”, disse o delegado Edson Souza.

Já em Conceição do Coité, a pancadaria aconteceu durante o comício do candidato Francisco de Assis (PT), também no domingo passado. Houve troca de socos entre militantes petistas e do candidato a reeleição Renato Souza (PP). “Teve desavença, discussão entre adversários e chegaram a ter confronto físico”, conta o capitão Joilson Lessa, da PM. “Este ano os ânimos estão mais acirrado”, atestou. Seis pessoas deram entrada no hospital local.

Nenhum comentário: