domingo, 12 de maio de 2013

Carência de leitos na rede particular torna nascimento preocupação

Era madrugada do dia 13 de abril quando a advogada Maria Izabel Vieira, 28 anos, começou a sentir fortes contrações. Grávida de sete meses, temia pelo bebê. No dia seguinte, foi ao consultório do obstetra, que diagnosticou o trabalho de parto e começou a ajudá-la na busca de um leito onde pudesse dar à luz. 

“Tentamos os hospitais privados, os públicos, e nada de encontrarmos vaga. Passei 10 horas com fortes dores, sem conseguir atendimento”, conta. Por fim, Izabel conseguiu uma vaga no Hospital Santo Amaro, na Federação.

A demora no atendimento e no parto, no entanto, teve um preço: o bebê prematuro estava em sofrimento e precisou ficar internado nove dias em uma UTI neonatal. 

A falta de atendimento gerou uma ruptura uterina, mas hoje ela pode comemorar pela primeira vez o Dia das Mães com o bebê, depois de ter conseguido superar o déficit de leitos obstétricos na capital baiana.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremeb), Abelardo Menezes, o problema é flagrante e já gerou duas reuniões com órgãos que representam os médicos (como Cremeb,  Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia, Sindicato dos Médicos), a Associação dos Hospitais do Estado da Bahia e a própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

“A redução nos leitos de obstetrícia é um nó difícil de desatar, porque os planos de saúde não remuneram as unidades de saúde com os valores devidos. Sem o retorno financeiro, os hospitais suspendem o atendimento”, explica Menezes. 

No total, a rede particular da capital baiana conta com cerca de 150 leitos obstétricos e 110 de UTI neonatal. “Só os hospitais que atuam com um mix de serviços conseguem manter os leitos obstétricos”, pontua o presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), Ricardo Costa. 

Costa explica que os planos de saúde costumam fazer um pacote com os hospitais e pagam R$ 3 mil por procedimento — quando o mínimo necessário, segundo ele, seria R$ 4 mil. “Os valores desses pacotes estão congelados há mais de dois anos e os planos ignoram as regras da ANS que estabelecem data de reajuste e índice para que eles aconteçam”, completa.

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