terça-feira, 14 de julho de 2015

Fiel diz que igreja evangélica cobrou mais de R$ 50 mil para fazer trabalho espiritual

Antônio Fernandes Filho, de 78 anos, precisava vender imóveis. Procurou a Igreja Internacional da Promessa, em Suzano, São Paulo, no início de abril, para uma ajuda espiritual. Mas, segundo o aposentado, saiu sem a solução para seus problemas e com menos R$ 28 mil na conta bancária.
De acordo com o delegado do DP Central (Suzano), Fátimo Aparecido Rodrigues, a vítima ouviu um programa na Rádio Metropolitana em que o bispo da igreja falava sobre problemas espirituais, de saúde e financeiros. Foi aí que Antônio resolveu visitar o templo, na rua Mirambava.

— Nessa primeira consulta, exigiram uma quantia de R$ 28 mil para fazerem um trabalho. E ele pagou à vista. Na segunda vez, exigiram mais R$ 50 mil. Segundo a vítima, seria para comprar estátuas de São Jorge para quebrá-las, porque assim quebraria toda a maldição que ele tinha. Como a vítima só tinha R$ 30 mil, ofereceram empréstimo de R$ 20 mil — detalha o delegado.

Antônio então se dirigiu ao banco na companhia de um dos membros da igreja para sacar o combinado, mas o gerente desconfiou e resolveu chamar os policiais da área. Essa pessoa, ainda não identificada, segundo o delegado, teria fugido ao avistar os agentes.

— Verificamos que houve charlatanismo e instauramos inquérito. Tivemos a convicção de que a vítima foi levada à fraude e fizemos indiciamento formal do bispo Carlos Roberto Miranda e do reverendo José Francisco da Silva. Eles já foram ouvidos e não negaram que receberam a quantia de R$ 28 mil, mas disseram que tudo foi doação para a igreja — afirma Fátimo.
A polícia quer ainda ouvir uma mulher que seria tesoureira do templo.

— Se a gente provar que há três ou mais pessoas, entra o crime de organização criminosa — explica o delegado.

Com a voz embargada, Antônio disse ao Extra que não recebeu o valor de volta, e que não queria mais falar sobre o caso.

O advogado da igreja, Célio Marcos de Assis Pereira, disse que foi o próprio Antônio que levantou a quantia para doar à igreja.

— Ele frequentava a igreja e, num apelo que o bispo fez, se consternou, levantou e pediu o número da conta para fazer um depósito. Depois que se soube do valor. Se arrependeu e, ao invés de procurar a igreja, simplesmente foi direto na delegacia — pontua o advogado: — Mas ele me ligou e propus a devolução do dinheiro. Não temos nada a esconder. Ele mudou a história. O bispo está ali há mais de seis anos e nunca teve problema. A intenção é devolver esse dinheiro.

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